A "perplexidade" está contida num comunicado divulgado hoje "com o apoio da maioria da mesa do parlamento", na sequência da detenção de Puigdemont à chegada ao aeroporto da ilha italiana da Sardenha.
"Manifesto a minha perplexidade perante uma ação da República italiana que contraria a decisão do Tribunal Geral da União Europeia [TGUE] de retirar a imunidade dos eurodeputados catalães exilados porque podiam circular por todo o território europeu, exceto Espanha, sem correr o risco de ser presos", referiu.
Borràs denunciou as ações do sistema de justiça espanhol por "não seguir os pronunciamentos dos órgãos europeus, o Conselho da Europa e o próprio TGUE, na sua obsessão de perseguir" Puigdemont e outros líderes pró-independência.
Para Borràs, trata-se e "forçar um sistema jurídico sem escrúpulos e com um desejo óbvio de vingança".
A presidente do parlamento catalão exigiu que o Governo espanhol "trate de uma vez, sem mais delongas, da negociação da amnistia e do exercício do direito à autodeterminação" na Catalunha.
Nesse sentido, exortou os cidadãos catalães a "continuarem a mobilizar-se para exigir respeito pelas próprias instituições e por aqueles que as representam e pela concretização das suas aspirações de liberdade nacional".
Alguns observadores receiam que esta detenção de Puigdemont aumente o risco de uma nova crise entre Madrid e o movimento independentista na região autónoma, numa altura de relativo desanuviamento entre as duas partes.
O Governo de Pedro Sánchez concedeu indultos em junho passado aos nove líderes independentistas que foram detidos em 2017 e condenados à prisão em 2019, depois de um julgamento histórico em que Puigdemont foi o principal ausente.
Entretanto, o Governo espanhol retomou as negociações com o governo separatista regional a 15 deste mês para encontrar uma saída para a crise separatista na Catalunha.
A tentativa de autodeterminação da Catalunha em outubro de 2017 foi uma das piores crises que a Espanha viveu desde o fim da ditadura de Franco, em 1975.
O governo regional liderado por Puigdemont realizou um referendo sobre a autodeterminação a 01 de outubro de 2017, marcado por violência policial e seguido, algumas semanas mais tarde, por uma declaração de independência.
O Governo espanhol, na altura liderado pelo Partido Popular (direita), colocou a região sob tutela e prendeu os principais líderes do movimento que não tinham fugido para o estrangeiro.
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