Boris Johnson defende controlo da imigração para "salários elevados"

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu hoje continuar a controlar a imigração no Reino Unido e introduzir um novo modelo económico pós-Brexit de "salários elevados", mas admitiu que "vai demorar tempo" e "vai ser difícil".

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© Michael M. Santiago/Getty Images

Lusa
06/10/2021 13:11 ‧ 06/10/2021 por Lusa

Mundo

Reino Unido

No discurso de encerramento do congresso do Partido Conservador, em Manchester, Johnson disse que pretende eliminar "as fragilidades de longo prazo da economia britânica" que caracterizavam o período antes do Brexit e "resolver os problemas que nenhum Governo teve a coragem de resolver". 

"Estamos a embarcar agora numa mudança de direção que era necessária há muito tempo na economia britânica. Não vamos voltar ao modelo falhado de sempre, de salários baixos, crescimento baixo, poucas competências e falta de produtividade, tudo isto possibilitado e ajudado por imigração descontrolada", garantiu. 

Numa referência aos atuais problemas nas cadeias de abastecimento dos supermercados, restaurantes e postos de combustíveis e falta de mão-de-obra em setores como a restauração e turismo, entre outros, o líder Conservador desafiou os apelos do patronato para flexibilizar o recrutamento de estrangeiros. 

"A resposta às atuais tensões e pressões, muitas das quais são o resultado do crescimento e da recuperação económica, não é voltar a usar a alavanca do costume de imigração descontrolada e manter os salários baixos", argumentou. 

"A resposta", insistiu, desencadeando aplausos da audiência, "é controlar imigração, deixar pessoas com talento vir para este país e não usar a imigração para o fracasso no investimento nas pessoas, em competências, em equipamento e instalações, em maquinaria".  

O primeiro-ministro admitiu que "vai demorar e às vezes vai ser difícil, mas essa foi a mudança que a população votou em 2016", quando, quando 52% dos britânicos votaram a favor da saída da União Europeia (UE)", reivindicou. 

O Governo britânico tem estado sob pressão devido às críticas da oposição e preocupação dentro do próprio partido com a subida dos preços da energia e combustíveis, coincidindo com o fim, hoje, de um suplemento temporário do subsídio de subsistência (Universal Credit). A Resolution Foundation, instituição que estuda as condições de vida das pessoas com rendimentos médios e baixos, reiterou hoje que "4,4 milhões de famílias, com 5,1 milhões de adultos e 3,5 milhões de crianças, vão ver o seu rendimento cair" cerca de 86 libras (101 euros) por mês. 

"Para um milhão de famílias, isso significará uma perda imediata de mais de 10% do seu rendimento", disse o diretor, Torsten Bell.

Muitos receiam um "inverno de descontentamento", uma referência ao período no final dos anos 1970, caracterizado por greves e protestos causados pelo aumento do custo de vida, que contribuiu para o Partido Trabalhista perder as eleições para a então líder dos 'tories', Margaret Thatcher.   

Johnson reconheceu hoje que o Reino Unido tem "uma das sociedades mais desequilibradas e economias mais desiguais dos países ricos, que é visível nas diferenças entre regiões". 

No entanto, insistiu na sua política de "nivelar" o país social, económica e geograficamente, defendendo que "não é apenas uma questão de justiça social, é um desperdício chocante de potencial que está a travar este país". 

Leia Também: "Brexit dividiu o país contra os estrangeiros, mas depois chega CR7..."

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