Martha Sepúlveda, a enfermeira com esclerose lateral amiotrófica (ELA), seria este domingo a primeira colombiana sem doença terminal a ser submetida a eutanásia, após o procedimento ter sido descriminalizado pelo Tribunal Constitucional do país em julho, mas a morte assistida foi suspensa por um comité médico, numa decisão anunciada à paciente horas antes.
O Comité Científico Interdisciplinar, que pertence ao Instituto Colombiano del Dolor, onde Martha estava a ser acompanhada, publicou o comunicado com a sua decisão às 17h de sábado na Colômbia (meia-noite em Lisboa), sendo que o procedimento estava marcado para as 7h de domingo (13h de Lisboa).
O instituto justificou o cancelamento "por ter um conceito atualizado do estado de saúde e evolução do paciente", sublinhando, no comunicado citado pelo El País, que ficou "definido que não se cumpriu o critério de terminalidade".
A decisão cita a resolução 971 de 2021 do Ministério da Saúde e Proteção Social, que "atribui ao comité, dentro das suas funções, a revisão do processo de aplicação e do procedimento de eutanásia completo, a fim de detetar qualquer situação que afete o seu desenvolvimento."
O retrocesso chega depois da Igreja Católica colombiana ter emitido um comunicado onde pedia à paciente para suspender o procedimento. Sublinhe-se que a Colômbia é um estado laico e a eutanásia está despenalizada desde 1997.
Ainda que não configure um caso de doença terminal, a enfermeira de 51 anos de idade perdeu parte dos seus movimentos, deixando de conseguir andar, ir à casa de banho ou até comer sem assistência. "Com uma esclerose lateral na fase em que está, a melhor coisa que me pode acontecer é ir descansar", disse Martha numa entrevista, quando a decisão foi anunciada.
A decisão de receber eutanásia era apoiada pelo filho, de 22 anos. "Ela não quer viver acamada. Não conseguir falar, não conseguir engolir. É doloroso e indigno. No início de 2021, a minha mãe começou a perder a força nas pernas, precisava de apoio mesmo para andar em casa, para ir ao quarto de banho", dizia Federico, à BBC.
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