"É absolutamente vergonhoso que ontem [quarta-feira] tenham sido utilizadas munições reais contra manifestantes, após os nossos repetidos apelos para que as forças militares e de segurança não utilizassem força desnecessária ou desproporcionada", disse Bachelet numa declaração.
Pelo menos 15 pessoas foram mortas no último dia de protestos, quarta-feira.
"Disparar contra grandes multidões de manifestantes desarmados, deixando dezenas de mortos e muitos mais feridos, é deplorável e claramente destinado a silenciar críticas, o que constitui uma grave violação dos direitos humanos", afirmou a responsável.
A antiga Presidente chilena fez estas declarações na sequência da repressão violenta dos protestos contra o golpe militar na capital sudanesa, Cartum, e em outras cidades, em 17 de novembro, que se tornou no dia mais sangrento desde o início dos protestos, em 25 de outubro.
A maior parte das mortes, pelo menos 11, foram relatadas em Cartum Norte, uma cidade adjacente à capital, mas também houve mortes em Cartum e em Um Durman, outra cidade próxima.
Fontes médicas informaram que cerca de 100 pessoas ficaram feridas em vários incidentes violentos, tendo, entre estas, pelo menos 80 sofrido ferimentos de munições no decurso de operações de repressão que envolveram ainda o uso generalizado de gás lacrimogéneo, segundo o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Michelle Bachelet instou igualmente as autoridades sudanesas a reabrirem as comunicações telefónicas e através da internet - que foram totalmente interrompidas desde o meio-dia desta quarta-feira -, e a respeitarem o trabalho dos jornalistas que cobrem os protestos.
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