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Rússia admite necessidade de aliviar tensão após encontro Putin-Macron

A Rússia reconheceu hoje a necessidade de aliviar a tensão na crise sobre a Ucrânia, enquanto o Presidente francês, Emmanuel Macron, reivindicou ter conseguido travar a deterioração da situação no encontro com o líder russo em Moscovo.

Rússia admite necessidade de aliviar tensão após encontro Putin-Macron
Notícias ao Minuto

12:13 - 08/02/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"No que diz respeito à desescalada, é muito necessário, porque as tensões aumentam a cada dia que passa", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária, citado pela agência espanhola EFE.

Peskov assinalou que a Rússia vê "países ocidentais a enviar tropas para a Ucrânia, enviando aviões carregados de armas, enviando equipamento militar", e a Ucrânia a realizar exercícios e a "testar os armamentos que está a receber".

"Isto, naturalmente, provoca novas espirais de tensão", disse o porta-voz presidencial russo.

Na viagem de Moscovo para Kiev, Emmanuel Macron disse aos jornalistas que o acompanham que não esperava qualquer oferta de Vladimir Putin, mas que conseguiu assegurar que "não há [mais] degradação e escalada".

"Para mim, foi uma questão de bloquear o jogo para evitar uma escalada e abrir novas perspetivas. (...) Este objetivo, para mim, está cumprido", disse Macron aos repórteres no avião que o transportou de Moscovo para Kiev, segundo a agência France-Presse (AFP).

Macron, cujo país preside atualmente ao Conselho de União Europeia (UE), vai encontrar-se hoje com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, depois de se ter reunido com Putin em Moscovo, na segunda-feira.

Em Kiev, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse hoje que o seu Governo está ansioso por conhecer a mensagem que Macron leva de Moscovo.

"Claro que estamos todos ansiosos pelos sinais que o senhor Macron traz de Moscovo", disse o chefe da diplomacia ucraniana, numa conferência de imprensa conjunta com os ministros dos Negócios Estrangeiros da República Checa, Jan Lipavsky, da Áustria, Alexander Schallenberg, e da Eslováquia, Ivan Korcok.

"Mas, já o disse muitas vezes, inclusive ontem [segunda-feira]: estamos abertos ao diálogo, somos construtivos, procuramos uma solução diplomática, mas não cruzaremos as nossas linhas vermelhas e ninguém nos pode obrigar a cruzá-las", advertiu Kuleba.

A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas nas suas fronteiras para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia, em 2014.

A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança.

As exigências de Moscovo incluem garantias jurídicas de que nem a Ucrânia nem qualquer outra ex-república soviética fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

No encontro com Macron, Putin lamentou não ter recebido qualquer resposta dos Estados Unidos e da NATO sobre a substância das exigências russas em matéria de garantias de segurança, segundo o seu porta-voz.

Moscovo advertiu que tomará "medidas político-militares" se as suas preocupações sobre a abordagem da NATO às suas fronteiras não forem tidas em conta, mas até agora não fez qualquer declaração sobre a rejeição das suas exigências.

"É por isso que esta questão permanece aberta no sentido pleno da palavra e permanece para nós a mais importante", respondeu Peskov ao ser questionado sobre se as propostas de Macron, que não foram divulgadas, ajudam a aliviar a tensão e correspondem à abordagem da Rússia sobre a sua segurança.

O porta-voz presidencial russo acrescentou que tudo dependerá da posição tomada pela Ucrânia e pelos aliados da França.

Peskov disse ainda que Putin agradeceu a Macron ter ido a Moscovo para continuar o diálogo e "procurar possíveis formas de sair da situação".

"Mas, de momento, é claro, não conseguimos ver nenhuma saída real para a situação. Por enquanto, não percebemos nem vemos qualquer vontade por parte dos nossos homólogos ocidentais de ter em consideração as nossas preocupações", acrescentou.

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