O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realiza já na segunda-feira nova reunião urgente sobre a guerra na Ucrânia, neste caso para abordar a crise humanitária, disseram hoje fontes diplomáticas.
Solicitada pelos Estados Unidos da América, Albânia, França, Irlanda, Reino Unido, México e Noruega, segundo a delegação deste país nórdico, na reunião devem comparecer o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Gabinete de Assuntos Humanitários da organização e o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) para informar sobre a situação na Ucrânia.
A ONU, segundo António Guterres, planeia apresentar na terça-feira um pedido de fundos aos países para financiar um reforço das operações de assistência à população ucraniana em consequência da invasão russa.
Também a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), uma agência autónoma da ONU, convocou para quarta-feira, em Viena, uma reunião do Conselho de Governadores "para analisar a situação atual na Ucrânia" e face aos "riscos" que representa.
O diretor-geral, Rafael Grossi, "está em estreito contacto com todas as partes envolvidas para garantir a segurança das instalações e equipamentos nucleares na Ucrânia", adianta a AIEA.
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares operacionais e vários repositórios de resíduos radioativos, incluindo o de Chernobyl, central desativada depois do acidente de 1986, que foi tomado pelas forças russas.
A AIEA também relatou hoje dois incidentes em repositórios de resíduos, incluindo um em Kiev atingido por mísseis, mas a autoridade reguladora ucraniana disse que "não houve relatos de danos no edifício ou emissões radioativas".
Tais eventos sublinham, no entanto, "o risco real de que os locais com material radioativo sofram danos durante o conflito, com consequências potencialmente graves para a saúde humana e para o ambiente", alertou Grossi em comunicado.
Também em reunião extraordinária estará segunda-feira a Liga Árabe, num encontro dedicado à invasão russa da Ucrânia quando a maioria dos 22 países deste bloco regional não tomaram, até agora, claramente uma posição sobre o conflito.
As monarquias do Golfo, alinhadas com os Estados Unidos, mantiveram-se em grande parte silenciosas após a ofensiva da Rússia, com a qual reforçaram nos últimos anos laços em várias áreas, incluindo energia, finanças e segurança.
Na sexta-feira, os Emirados Árabes Unidos abstiveram-se numa votação no Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução apelando a Moscovo para que retirasse as suas tropas da Ucrânia.
O Egito, um peso-pesado regional que convocou a reunião de emergência da Liga, também está sem posição definida, enquanto a Síria, suspensa da organização no final de 2011 no início do conflito neste país, bem como a Argélia e o Sudão, historicamente ligados à União Soviética e depois à Rússia por acordos militares, parecem inclinar-se claramente para a defesa de Moscovo.
A Rússia lançou um ataque militar de grande escala contra a Ucrânia na quinta-feira, uma invasão condenada por grande parte da comunidade internacional, com países como EUA, Reino Unido, e blocos como a União Europeia a decretarem sanções económicas e de movimentos sem precedentes contra interesses russos.
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