Niinistö, interlocutor frequente de Putin nos últimos anos, reuniu-se novamente na passada sexta-feira com o seu homólogo russo, no âmbito dos esforços europeus para manter abertos os canais diplomáticos.
"Putin tem a sua lista, todos sabemos", afirmou o chefe de Estado do país nórdico, num excerto dessa entrevista transmitida pela CNN International.
"Mas parece que mudar o Governo na Ucrânia já não está na lista", afirmou.
A Ucrânia declarou na sexta-feira temer um cerco a Kiev e prometeu uma "defesa implacável" da sua capital contra as tropas russas, que estão a bombardear o sul do país. Mas o Governo liderado pelo Presidente Volodymyr Zelensky aguentou-se firme até agora.
Questionado sobre as intenções atribuídas a Putin de instalar em Kiev um regime vassalo de Moscovo, o Presidente finlandês falou da sua mais recente conversa com o Presidente russo, na sexta-feira.
"Ele foi muito claro quando lhe perguntei: 'Desistiu dessa exigência?' E respondeu-me: 'Nunca a tive'", relatou Niinistö.
Os verdadeiros objetivos de Putin nesta guerra permanecem uma das grandes incógnitas das discussões diplomáticas.
A par do Presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente finlandês foi um dos raros interlocutores europeus de Vladimir Putin nos últimos dias.
A Finlândia, vizinha da Rússia, desempenha tradicionalmente um papel de diálogo entre o Ocidente e Moscovo. Na sexta-feira, Niinistö também se reuniu com o chefe de Estado ucraniano.
Hoje, o apoio dos finlandeses a uma adesão do seu país à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) atingiu um novo recorde histórico, após a invasão russa da Ucrânia, ultrapassando pela primeira vez os 60%, segundo uma sondagem do Instituto Talustutkimus.
Dos inquiridos, 62% dizem-se a favor da adesão à aliança militar ocidental, ao passo que só 16% se opõem e 21% estão indecisos, de acordo com esta sondagem.
Há duas semanas, uma sondagem semelhante obteve pela primeira vez na história do país nórdico uma maioria absoluta (53%) a favor da adesão à NATO, um salto de quase 25 pontos percentuais, após a invasão da Ucrânia ordenada a 24 de fevereiro por Putin, que fez pelo menos 636 mortos e 1.125 feridos entre a população civil, segundo a ONU, e causou já a fuga de 4,8 milhões de pessoas, 2,8 milhões das quais para os países vizinhos -- a pior crise na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Apesar desta subida inédita, o Governo finlandês reiterou -- como a vizinha Suécia - que não tem qualquer projeto de adesão imediata, apesar de terem decorrido significativas consultas das forças políticas nos últimos dias.
Há anos que Moscovo ameaça Helsínquia e Estocolmo com "graves consequências políticas e militares" em caso de adesão à Aliança Atlântica, uma advertência novamente repetida esta fim de semana.
O Presidente finlandês pediu aos seus concidadãos para manterem "a cabeça fria" quanto a esta questão, indicando que está a ser elaborado um relatório sobre as vantagens e desvantagens de uma adesão e que a decisão final caberá ao parlamento.
Na Suécia, a opinião pública também virou subitamente para uma maioria a favor da adesão à NATO.
A sondagem finlandesa foi realizada pela internet junto de uma amostra representativa de 1.378 pessoas maiores, entre os dias 09 e 11 de março, com uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais.
A Suécia e a Finlândia são oficialmente países não-alinhados, embora sejam ambas parceiras da NATO desde meados da década de 1990 e tenham "virado a página" da sua neutralidade no final da Guerra Fria.
Leia Também: AO MINUTO: Bens "assegurados"; Concedidos 8.250 pedidos de proteção