EUA disseram à China que este não é momento para "fingir neutralidade"
Os Estados Unidos informaram a China de que, perante a invasão russa da Ucrânia, este não é o momento para qualquer país "fingir que é neutro", disse hoje Julianne Smith, representante permanente dos EUA junto da NATO.
© Lusa
Mundo Ucrânia
Durante uma videoconferência de imprensa, em que a agência Lusa participou, Smith referiu-se à reunião entre Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, e Yang Jiechi, o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês para questões diplomáticas, que decorreu em Roma, na segunda-feira, como um encontro "muito intenso", em que Washington quis enviar "uma mensagem clara" a Pequim.
"Na reunião, Sullivan teve a oportunidade de dizer que este não é o momento para um país se colocar de lado, de fingir que é neutro. Deixámos uma mensagem muito clara à China nesse sentido", explicou Julianne Smith, sobre o teor do encontro diplomático em Roma.
A representante norte-americana junto da NATO -- que falava numa videoconferência que antecede uma reunião de ministro de Defesa da Aliança Atlântica, que decorrerá na quarta-feira -- insistiu em que todos os países devem deixar clara a sua posição sobre o conflito militar na Ucrânia.
Smith disse que, do lado da NATO, essa posição tem sido muito clara e tem sido unânime, de condenação da invasão "injustificada" da Rússia de território ucraniano, sublinhando que todos os aliados acompanham a situação com "profunda preocupação", mas também com "determinação" em tentar evitar que a guerra se prolongue.
"Para os aliados da NATO, como para os Estados Unidos, o objetivo é tentar terminar esta guerra, com o abandono da Rússia de território ucraniano", disse a embaixadora.
Julianne Smith reiterou ainda a unanimidade dos países-membros da Aliança Atlântica sobre o apoio mútuo, em caso de ataque externo a um deles, dizendo que estão todos comprometidos em cumprir o artigo 5.º do tratado, que diz que a agressão a um dos aliados implicará a intervenção de todos os outros em sua defesa.
"Levamos muito a sério o artigo 5.º", garantiu a embaixadora norte-americana.
Interrogada sobre se a recente passagem de um avião não tripulado ('drone') russo por território de países da NATO poderia ser invocado como uma agressão a um aliado, Smith disse que é prerrogativa de cada país-membro invocar o artigo 5.º, se achar necessária a intervenção dos outros aliados.
"Temos tido profundas discussões sobre o que poderá constituir uma agressão a um país-membro. Por exemplo, poderemos considerar um ciberataque razão para invocar esse artigo? Essas questões estão a ser discutidas dentro da Aliança", explicou a representante norte-americana junto da NATO.
Julianne Smith disse ainda que os EUA estão "convictamente agradados" com a manifestação de vontade de vários países-membros da Aliança em reforçarem os seus orçamentos nacionais de Defesa, em alguns casos mesmo acima dos 2% do PIB inscritos nas regras da NATO.
"Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, que os aliados europeus passaram a olhar com outra preocupação as questões de Defesa. E aplaudimos agora a intenção de países como a Alemanha em reforçar ainda mais os seus gastos com Defesa, tendo em conta o clima de crescente ameaça, sobretudo na Europa de Leste", disse a embaixadora.
Perante uma questão sobre a recusa da NATO em estabelecer uma zona de interdição aérea na Ucrânia, Smith explicou que a questão foi "analisada com muito cuidado", mas que os Estados Unidos acabaram por considerar que a medida poderia não ter a eficácia desejada.
"Num recente ataque a uma base militar na parte ocidental da Ucrânia, os mísseis foram lançados a partir de um bombardeiro russo que não chegou a entrar em território ucraniano. Os mísseis foram lançados do ar, mas a partir do espaço aéreo russo", disse Julianne Smith, para justificar as reservas dos Estados Unidos sobre a criação de uma "no-fly zone" no teatro de guerra da Ucrânia.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 636 mortos e 1.125 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
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