"Os tribunais vão decidir, mas para mim são crimes de guerra e crimes contra a humanidade", disse Annalena Baerbock, no Fórum Humanitário Europeu, organizado em conjunto pela Comissão Europeia e presidência francesa do Conselho, em Bruxelas.
Vários ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) falaram sobre a proteção de civis na guerra.
No seu discurso, Annalena Baerbock denunciou os bombardeios aéreos do Exército russo contra áreas residenciais e hospitais ucranianos e criticou a estratégia do Kremlin de usar o cerco de cidades com civis como arma de guerra.
"Apenas um homem pode parar estas atrocidades e esse homem é o presidente [russo Vladimir] Putin. Temos um perpetrador aqui na Europa e devemos forçar a Rússia a cumprir as suas obrigações sob o Direito Internacional Humanitário (DIH), porque as suas ações na Ucrânia são uma violação do direito internacional", declarou.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, alertou que a guerra na Ucrânia, num dos principais países exportadores de trigo, está a aproximar o planeta de "uma verdadeira crise alimentar global" que, a seu juízo, a "Rússia vai ser o único responsável".
"Esta crise pode ser ainda mais aguda do que o esperado, pois ocorre num contexto em que a insegurança alimentar já está muito presente no Sahel, por exemplo, mas também noutros locais, principalmente no Iémen", disse Le Drian.
A este respeito o governante francês encorajou os restantes Estados-membros da UE a colocarem a "solidariedade internacional" no centro da nova geopolítica comunitária, uma vez que a Europa, na sua opinião, "longe de ser apenas um doador, deve ser vista também como uma potência humanitária".
"Estou consciente da novidade desta expressão, mas para mim, honestamente, resume uma convicção real, porque o que está em jogo é a nossa capacidade de mostrar, através de ações concretas, a força do nosso modelo humanista", indicou.
No entanto, o Comissário Europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, apelou aos países membros da UE, pedindo-lhes que aumentem o seu investimento na cooperação internacional e na ajuda humanitária às zonas de crise.
"As imagens que vemos na Ucrânia, no Sahel (afetado pela fome), no Iémen (onde há uma guerra civil desde 2015) ou na Etiópia (onde o governo central está em guerra com as autoridades da região de Tigray) apontam para a necessidade colocar o respeito pelo DIH no centro da ação externa europeia", observou.
Janez Lenarcic assegurou que, nesta matéria, os 27 Estados-membros "têm as ferramentas necessárias para reforçar a sua ação", embora, por outro lado, admitiu que o aumento das violações do direito internacional "complica o trabalho", pois, ao serem denunciadas, as equipas encarregadas de mobilizar a ajuda humanitária tornam-se objetivos militares.
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