O arguido, que arrisca uma pena entre quatro e 12 anos de cadeia por tráfico de estupefacientes, na sequência de a sua bagagem ter dissimulados 13 quilogramas de cocaína, alega em sua defesa que a mala onde se encontrava a droga lhe foi entregue em Bissau, quando se preparava para viajar para Lisboa, por um trabalhador da TAP no aeroporto da capital guineense.
Manuel Irénio Nascimento Lopes, de 57 anos, deputado do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G 15), foi detido, no dia 07 de maio de 2024, no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde chegou num voo da transportadora aérea portuguesa TAP proveniente de Bissau, com 13 quilogramas de cocaína dissimulados na bagagem.
Hoje, na primeira sessão do julgamento, o arguido reiterou que foi alvo de uma "cilada política" por parte do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, quando um trabalhador da TAP, que identificou como sendo Ivan Sampaio, lhe pediu para ser portador de uma mala para entregar em Lisboa.
Ivan Sampaio chegou a ser constituído arguido e interrogado pela Polícia Judiciária mas foi ilibado por falta de provas.
No final da primeira sessão do julgamento, o advogado de Manuel Lopes, Carlos Melo Alves, lamentou o "poder muito, muito frágil" da defesa para a produção de prova, ao contrário do Ministério Público, que considerou "não ter investigado o que deveria ter investigado", razão pela qual requereu investigação adicional, que será apreciada pelo tribunal na próxima sessão, marcada para o dia 11 de março.
"Podemos concluir que a defesa tem um poder muito, muito frágil. Se nós virmos a acusação, tem poderes para investigar. Pode-se dizer que aqui não investigou aquilo que devia ter investigado e nós agora, se calhar, pretendemos fazer prova de alguns factos e não sei se o vamos conseguir fazer, uma vez que existe uma enorme discrepância entre o poder da acusação em investigar e o poder da defesa", declarou.
O advogado acrescentou que, a serem verdade as declarações que o seu cliente fez hoje, quanto à existência de mensagens que davam conta da sua detenção logo à aterragem do avião ainda antes de ser interpelado pelas autoridades portuguesas, se trata de uma cilada política.
"A ser verdade aquilo que ele está a dizer, que as mensagens que estão no telemóvel, eu diria que, depois, eu pronuncio-me de uma forma, se calhar, mais veemente em relação àquilo que eu penso", afirmou.
Questionado se se estava a referir a uma "cilada política", Carlos Melo Alves respondeu: "Isso é aquilo que ele diz e eu estou completamente de acordo com ele".
O advogado disse ainda que o seu cliente "confia na justiça portuguesa".
"Mas eu já cá ando há muito tempo e sei que, às vezes, mesmo estando no uso da razão, podem as coisas não correrem como nós queremos", disse, frisando que está "expectante que se faça justiça e a justiça", no seu entendimento, era Manuel Lopes ser ilibado.
"Vamos ver o que acontece", concluiu.
Manuel Lopes está em prisão preventiva desde a sua detenção e arrisca uma pena entre quatro e 12 anos de prisão.
Leia Também: Dois funcionários da AT entre os 4 detidos pela PJ na Operação Porthos