Um conselheiro do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse, em declarações a uma televisão, que a Rússia transferiu algumas das suas tropas de áreas próximas de Kyiv, a capital do país, para leste, num esforço para cercar as forças ucranianas naquela zona.
Oleksiy Arestovych referiu que a Rússia deixou, contudo, forças suficientes perto de Kyiv para obrigar as tropas ucranianas a manter-se aí e impedi-las de se deslocarem para outras áreas e que Moscovo ainda não retirou nenhuma das suas tropas da cidade de Chernigiv.
As autoridades militares russas tinham anunciado que iriam concentrar os seus esforços no leste da Ucrânia, onde os rebeldes apoiados por Moscovo combatem as forças ucranianas desde 2014.
A Rússia também anunciou, após conversações na terça-feira com negociadores ucranianos em Istambul, que iria reduzir as suas atividades em torno de Kyiv e Chernihiv num gesto para aliviar a pressão e ajudar as conversações a encaminhar-se para um acordo.
Apesar da intenção manifestada por Moscovo, o governador de Chernihiv, Viacheslav Chaus, disse que os ataques russos contra as infraestruturas civis continuaram durante a noite.
Também na zona leste do país, o exército ucraniano reivindicou hoje o controlo de uma estrada estratégica que liga Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, a Chuguiv, uma cidade de 30.000 habitantes localizada 50 quilómetros a sudeste.
"A estrada estava sob fogo das forças russas que mataram ali civis. Empurrámo-los cerca de dez quilómetros mais para norte", disse um comandante da 92.ª brigada do exército ucraniano a jornalistas da agência francesa France-Presse.
Ambas as cidades foram intensamente bombardeadas pelos militares russos há mais de um mês, sem cair nas mãos das forças de Moscovo.
No sul do país, a agência estatal ucraniana para emergências revelou que o número de mortos num ataque russo ao edifício da administração regional na cidade de Mykolaiv subiu para 14.
As autoridades ucranianas dizem que as forças russas abriram um buraco num edifício governamental de nove andares num ataque na manhã de terça-feira. O governador regional relatou que as forças russas esperaram que as pessoas fossem trabalhar antes de realizar o ataque.
O balanço anterior do ataque dava conta de 12 pessoas mortas e de pelo menos 33 feridos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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