Citadas pela agência Associated Press (AP), as autoridades revelaram estar a documentar as evidências dos alegados crimes de guerra.
O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych disse que dezenas de moradores foram encontrados mortos nas ruas de Busha e nos subúrbios de Kiev, no que classificou como uma "cena de um filme de terror".
Algumas pessoas foram amarradas e baleadas na cabeça e os corpos mostram sinais de tortura, referiu Arestovych, notando que existem relatos de violações.
"O que aconteceu em Busha e noutros subúrbios de Kiev só pode ser descrito como um genocídio", considerou o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, em declarações ao jornal alemão Bild, apelando ao fim das importações de gás russo.
Para o governante, "nem um centavo" deveria ser dado à Rússia, uma vez que esse dinheiro servirá para financiar um massacre.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, por sua vez, já tinha pedido o reforço das sanções contra Moscovo, como o fim da importação de energia.
"O massacre em Busha foi deliberado [...]. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos", apontou, através de uma publicação na rede social Twitter.
No mesmo sentido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou "as atrocidades cometidas pelo exército russo" e prometeu que a União Europeia (UE) vai aplicar mais sanções àquele país.
Os ministros das Relações Externas da França, Alemanha, Itália e Reino Unido também se insurgiram contra os ataques, garantindo que a Rússia vai ser responsabilizada.
"Não vamos permitir que a Rússia encubra o seu envolvimento nessas atrocidades, através da desinformação, e garantimos que essa realidade vai ser exposta", disse a secretária das Relações Externas do Reino Unido, Liz Truss.
Em Mariupol, cidade portuária localizada junto ao Mar de Azov, que se tornou alvo das tropas russas na Ucrânia devido à sua posição estratégica, estima-se que cerca de 100.000 civis estejam presos e com acesso limitado aos cuidados básicos.
A Cruz Vermelha disse esperar que uma equipa de nove funcionários e três veículos chegue hoje a Mariupol, ressalvando que "a situação no terreno é muito volátil".
De acordo com as autoridades, a Rússia concordou com a criação de corredores seguros na cidade, embora já tenha quebrado acordos semelhantes.
O presidente da Câmara de Chernigiv, Vladyslav Atroshenko, precisou que os ataques da Rússia já destruíram 70% da cidade.
"As pessoas pensam em como podem sobreviver até ao dia seguinte", notou.
Esta manhã, as forças russas lançaram mísseis no porto de Odessa, Sul da Ucrânia, em direção a uma unidade de processamento de petróleo e a depósitos de combustíveis.
Por sua vez, o governador regional de Kharkiv referiu hoje que a artilharia e os tanques russos já efetuaram, nas últimas 24 horas, mais de 20 ataques a esta cidade.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o seu homólogo russo de cometer "um genocídio" com a invasão da Ucrânia.
"Sim, é um genocídio. A eliminação de toda a nação. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se de destruir e exterminar todas essas nacionalidades", afirmou Zelensky, em declarações ao canal americano CBS.
A Ucrânia já tinha acusado a Rússia de cometer um "massacre deliberado" em Busha, uma cidade no noroeste de Kiev, e outros "horrores" nas regiões que, entretanto, foram libertadas.
"Isto está a acontecer na Europa e no século XXI", reiterou, sublinhando que "toda a nação está a ser torturada".
O negociador russo, Vladimir Medinksy, já referiu ser muito cedo para falar de um encontro entre os dois líderes.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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