A Rússia entregou uma proposta de acordo sobre as conversações da paz à Ucrânia, segundo avança o ABC espanhol, com base em informações do seu correspondente em Moscovo.
Trata-se de um documento que resulta das conversações levadas a cabo entre ambas as partes e sobre o qual a Rússia aguarda, agora, uma resposta.
"O documento que hoje apresentamos é o nosso projeto e inclui reformulações absolutamente claras e desenvolvidas. A bola está do lado deles [Ucrânia], estamos à espera de uma resposta", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
O responsável não especificou nenhum prazo para dar resposta ao documento e disse, apenas, que isso dependia da outra parte.
"Mas, reitero mais uma vez, a dinâmica do trabalho do lado ucraniano deixa muito a desejar, os ucranianos não mostram uma grande vontade em intensificar o processo de conversações", acrescentou.
Recorde-se que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, salientou que se a Rússia levasse a cabo a sua ameaça de matar os soldados que se refugiaram na siderurgia de Mariupol, as negociações não serão retomadas.
A eliminação dos nossos militares, dos nossos homens [em Mariupol] porá fim a qualquer negociação [de paz]", declarou Zelensky, no fim de semana, em entrevista ao 'site' de informação Ukraïnska Pravda, alertando que as duas partes se encontram "num impasse"
Em março, a Ucrânia apresentou à Rússia o seu projeto de acordo em Istambul, onde as duas partes mantiveram conversações destinadas a terminar com o conflito. Não é claro se as duas partes mantiveram contactos regulares desde esse encontro.
Ainda hoje, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou em declarações à televisão estatal que a Rússia "há muito que não tem confiança nessas pessoas", numa referência à equipa negocial ucraniana.
Zakharova denunciou o que definiu como "um circo em sentido figurado e direto por parte do regime de Kyiv: que vêm, que não vêm, que participam, que não participam... Estamos preparados para isso em Moscovo? Claro que sim".
A porta-voz considerou que esta tem sido a abordagem de Kyiv nos últimos anos em torno das conversações e referiu o incumprimento dos acordos de Minsk, assinados no final de 2014 e início de 2015.
"É um esquema clássico que nos permite assegurar que não se trata de um regime independente e que o controlam desde o exterior", adiantou, referindo ainda que "as conversações são uma manobra de distração" para Kyiv.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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