Presidente da África do Sul fala com Zelensky e quer "saída negociada"
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, falou ao telefone com o seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, defendendo uma "saída negociada" para o conflito, e abordou a dependência africana das matérias-primas alimentares provenientes do Leste europeu.
© Reuters
Mundo Conflito
"Tive uma conversa telefónica com o Presidente Zelensky, da Ucrânia, para abordar o conflito na Ucrânia e o seu trágico custo humano, assim como as suas ramificações globais", escreveu o chefe de Estado sul-africano no Twitter, citado pela agência de notícias espanhola Efe, acrescentando: "Estamos de acordo na necessidade de uma saída negociada para a guerra, que teve um impacto no lugar da Ucrânia nas cadeias globais de fornecimento, incluindo o seu lugar como um grande exportador de alimentos para o nosso continente".
A África do Sul tem sido acusada de não criticar a invasão russa da Ucrânia e de manter uma posição equidistante sobre o conflito, algo que os analistas têm explicado com a relação próxima entre a economia mais avançada da África subsaariana e a Rússia.
"O Presidente Zelensky prevê relações mais próximas com África no futuro", disse ainda Ramaphosa na mensagem colocada no Twitter.
Por seu turno, o Presidente ucraniano escreveu, na mesma rede social: "Tive uma conversa telefónica com Cyril Ramaphosa, falei-lhe sobre a nossa resistência à agressão russa; falámos sobre a ameaça de uma crise alimentar global, o aprofundamento das relações com a República da África do Sul e a cooperação nas organizações internacionais".
Para a embaixadora da Ucrânia na África do Sul, o telefonema foi um "forte sinal" para o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
"Eles discutiram a resistência da Ucrânia, e as relações entre a Ucrânia e a África do Sul, e a cooperação; estes foram os principais pontos", disse Liubov Abravitova ao canal sul-africano News24, acrescentando: "O telefonema foi a primeira comunicação entre os presidentes desde há muito tempo, e acredito que é um sinal muito forte para Putin, é a minha avaliação da chamada".
O Governo sul-africano, aliado histórico da Rússia, exigiu a "retirada" imediata das tropas russas no dia em que estas invadiram a Ucrânia, mas desde então tem suavizado a posição sobre o conflito, abstendo-se das votações nas Nações Unidas sobre a condenação da invasão e a suspensão de Moscovo do Conselho dos Direitos Humanos, lembra a Efe.
A guerra na Ucrânia está a piorar a situação alimentar a nível mundial, devido à interrupção das cadeias de fornecimento de cereais, que têm na Rússia e na Ucrânia dois dos maiores produtores mundiais.
Segundo a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura, os preços dos alimentos em todo o mundo podem aumentar 20%, e na quarta-feira o presidente do Banco Mundial disse que o preço do trigo já subiu 37% face aos valores de há um ano.
Para além do problema alimentar, a guerra na Ucrânia motivou também uma descida na ajuda internacional, com vários doadores europeus a redirecionarem as verbas para financiar o acolhimento dos milhões de refugiados que saíram da Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Leia Também: Governo fala em mais de mil corpos de civis em morgues na região de Kyiv
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com