De acordo com o OCC, em abril houve uma média de quase 10 protestos diários, o que significa um aumento de três em relação ao mês anterior.
Além disso, relativamente a abril de 2021, quando ocorreram 203 protestos -- dois meses e meio antes da onda de protestos de 11 de julho --, é notado um aumento de 44%.
Dos 293 protestos de abril, 194 aconteceram em defesa dos direitos políticos e civis, "principalmente em repúdio à repressão e arbitrariedade judicial e prisional contra manifestantes pacíficos em 11 de julho", detalhou o relatório do OCC.
O documento indicou ainda que 99 protestos ocorreram em defesa dos direitos económicos, sociais e culturais, "principalmente contra a inflação, o colapso do sistema de saúde e a escassez". Estes últimos duplicaram em relação ao mês anterior.
O documento do OCC, um projeto autónomo da sociedade civil apoiado pela Fundação para os Direitos Humanos em Cuba, sublinha como os preparativos para o desfile de domingo passado por ocasião do 01 de maio foram realizados "sob medidas coercitivas para garantir uma participação massiva".
O relatório cita como exemplo um texto que circulou no setor da saúde onde é mencionada a nomeação de "agitadores políticos" para garantir a "combatividade" da marcha e de "ativistas revolucionários" para "monitorizar e enfrentar qualquer provocação".
"Os números compilados pelo OCC em abril desmentem a imagem de exportação de um desfile popular de reafirmação revolucionária homogénea", escreveu a organização.
O tradicional desfile do Dia Internacional do Trabalhador em Cuba voltou depois de dois anos suspenso devido à pandemia da covid-19, com dezenas de milhares de pessoas gritando palavras de ordem e carregando cartazes em favor do Governo.
No entanto, o OCC compara "o alegado apoio maciço ao regime" durante o desfile com outros casos históricos semelhantes "às vésperas de uma mudança".
A comparação baseia-se nos desfiles e manifestações para comemorar o aniversário da Alemanha comunista pouco antes da queda do Muro de Berlim (1989), ou naquelas convocadas na Roménia pelo ditador Nicolae Ceausescu.
"A elite do poder cubano (...) não aprendeu com esta lição e continua a concentrar-se, como Ceausescu, em (...) intensificar a repressão e gerar falsos positivos de apoio popular -- como o desfile do 01 de maio --, mas não para reverter a política desastrosa que os leva ao precipício", concluiu o relatório da OCC.
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