O ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, encontrou-se esta quarta-feira em Lomé com o Presidente togolês, Faure Gnassingbé, e com o seu homólogo togolês, Robert Dussey, a quem pediu ajuda para resolver a crise no seu país.
Diop "pediu ao Togo para apoiar os esforços de diálogo do Governo do Mali com toda a comunidade internacional e para adotar iniciativas de facilitação e/ou missões de bons ofícios para mobilizar os atores regionais e internacionais em torno da transição", informaram os executivos dos dois países num comunicado conjunto divulgado na quarta-feira ao fim do dia.
O "objetivo essencial" da transição, sublinharam, "continua a ser a organização de eleições livres, transparentes e credíveis e o regresso à ordem constitucional".
Dussey "reafirmou a constante disponibilidade do Governo togolês para apoiar o Mali a nível político e de segurança, com vista a restaurar a ordem constitucional, a paz, a estabilidade e a integridade territorial".
Para o Togo, sublinhou o seu chefe da diplomacia, "só um diálogo permanente e construtivo com as autoridades de transição no Mali criará as condições para um rápido regresso à ordem constitucional e para uma luta eficaz contra o terrorismo".
Em declarações aos jornalistas, Diop reiterou o desejo da junta militar do Mali de "trabalhar para uma saída da crise, para eleições credíveis no Mali".
"O Governo do Mali considera que deve ser previsto um período de 24 meses para um regresso à ordem constitucional", sublinhou, por seu lado, o ministro da diplomacia maliana.
O Mali atravessa uma crise de segurança grave em resultado da presença de grupos extremistas islâmicos que atacam o seu exército, a missão da ONU no país e assim como civis, além de uma crise política complexa decorrente de dois golpes de Estado, em agosto de 2020 e maio de 2021, que deram lugar a um processo de transição que se arrasta desde então de forma hesitante.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) impôs em janeiro último o bloqueio das contas dos membros da junta militar do Mali nos bancos regionais, a retirada dos seus embaixadores em Bamako e a suspensão de todas as transações comerciais com o Mali, com exceção de algumas mercadorias de primeira necessidade.
As autoridades malianas solicitaram então uma prorrogação do processo de transição com um limite de quatro anos até à realização de eleições e ao restauro da ordem constitucional, um pedido que a CEDEAO rejeitou.
A junta militar do Mali contrapôs à CEDEAO encurtar o período de transição, oferendo uma proposta final de 24 meses, o que também foi rejeitado pelo bloco regional de 15 nações.
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