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Homenagem às vítimas do tiroteio de Buffalo torna-se grito contra racismo

A missa celebrada hoje em Buffalo, estado de Nova Iorque, em homenagem aos 10 mortos do tiroteio de sábado com motivações racistas, tornou-se num grito contra a supremacia branca e um apelo à justiça.

Homenagem às vítimas do tiroteio de Buffalo torna-se grito contra racismo
Notícias ao Minuto

17:56 - 15/05/22 por Lusa

Mundo EUA

Perante os principais representantes políticos do estado norte-americano, o bispo Darius Pridgen pediu que fossem empenhados todos os recursos necessários para que se faça justiça contra o alegado agressor do massacre, um jovem branco de 18 anos que foi detido sem direito a fiança sob a acusação de homicídio em primeiro grau.

"O que aconteceu foi terrorismo doméstico, pura e simplesmente", salientou a procuradora-geral do Estado de Nova Iorque, Letitia James, que juntamente com a governadora Kathy Hochul e outros representantes políticos, participaram na cerimónia religiosa presidida pelo bispo Pridgen.

Letitia James insistiu que se tratou de "um ato de ódio e que deve ser processado como tal", alegando que o agressor, identificado como Payton S. Gendron, residente em Conklin, uma cidade a 320 quilómetros a sudeste de Buffalo, "se alimentava todos os dias" de um discurso de ódio através das redes sociais.

No sábado, após o tiroteio, o agente especial do FBI Steven Belanger informou que o seu gabinete estava a investigar o massacre "como um crime de ódio e um caso de extremismo violento" com motivações raciais.

A governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, descreveu o que aconteceu num dos supermercados da Buffalo como "um ato de racismo e de supremacia branca" contra a comunidade e sublinhou que devem ser tomadas medidas para evitar mais massacres deste tipo.

De acordo com um manifesto divulgado na internet, cuja autoria é atribuída a Gendron e ao qual vários oradores se referiram durante a cerimónia religiosa de hoje, o jovem escolheu conscientemente aquele bairro da cidade porque é habitado maioritariamente por população negra.

"Não foi um ato aleatório de violência. Já vimos o suficiente disto. Vemos o que acontece quando há demasiadas armas nas nossas ruas e as pessoas ficam zangadas ou no meio de uma batalha de gangs e há vítimas inocentes", lamentou a governadora.

No parque de estacionamento do supermercado onde ocorreu o tiroteio em que dez pessoas morreram e outras três ficaram feridas, uma multidão reuniu-se durante várias horas, prestando homenagem às vítimas e rezando.

"Este indivíduo esteve na área de Buffalo pelo menos no dia anterior. Ele parece ter vindo avaliar a área e fazer uma operação de reconhecimento antes de perpetuar este ato infame e doentio", disse o chefe da polícia local, Joseph Gramaglia, à estação de televisão ABC.

Um "crime de ódio" nos Estados Unidos refere-se a um ato dirigido contra uma pessoa devido a elementos da sua identidade, tais como raça, religião, nacionalidade, orientação sexual ou deficiência, estando previstas penas mais duras para estes casos.

Os tiroteios e mortes em locais públicos são quase diários nos Estados Unidos e o crime com armas de fogo está a aumentar em grandes cidades como Nova Iorque, Chicago, Miami e São Francisco, especialmente desde a pandemia de 2020.

Paytin S. Gendron, que vai ser levado perante um juiz, na terça-feira de manhã, pode ser condenado a prisão perpétua, uma vez que não há pena de morte no estado de Nova Iorque.

Das 13 vítimas, dez mortos e três feridos, 11 eram negras.

Leia Também: EUA. Número de mortos em tiroteio em Buffalo sobe para 10

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