ONU. Rússia e China explicam veto a proposta de sanções a Pyongyang

A Rússia e a China justificaram, esta quarta-feira, perante a Assembleia-Geral da ONU o seu veto a uma proposta norte-americana para sancionar a Coreia do Norte, na primeira vez em que as potências foram obrigadas a explicar-se.

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Lusa
08/06/2022 22:37 ‧ 08/06/2022 por Lusa

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Em abril passado, as Nações Unidas aprovaram uma resolução que exige a convocação automática de uma sessão plenária da Assembleia Geral sempre que se registar um veto no Conselho de Segurança, medida que procura dissuadir o uso desse privilégio a que só cinco países têm acesso: Rússia, China, Estados Unidos da América (EUA), França e Reino Unido.

Assim, em cumprimento com esta nova norma, os 193 Estados-membros da ONU reuniram-se, esta quarta-feira, para ouvir as explicações da Rússia e da China, que em 26 de maio bloquearam uma resolução que procurava endurecer as sanções internacionais a Pyongyang em resposta aos seus últimos testes de mísseis.

Esse texto proposto pelos EUA recebeu o apoio de 13 dos 15 membros do Conselho de Segurança, mas não foi adiante devido ao "não" de Moscovo e Pequim.

O embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, assegurou que o seu país procura sempre cooperar com os demais membros do Conselho de Segurança para tentar chegar a um consenso e evitar vetos, mas deixou claro que, nesta ocasião, era impossível para ele apoiar a resolução dos EUA.

"Os Estados Unidos devem assumir a responsabilidade por isso", disse Zhang, que acusou Washington de forçar uma votação quando sabia que nem a China nem a Rússia apoiavam a iniciativa.

Conforme referiu, o seu país levantou inúmeras opções alternativas que foram rejeitadas pelos EUA, a quem Pequim atribuiu o atual bloqueio em discussões com a Coreia do Norte.

"Desde que a República Popular Democrática da Coreia adotou medidas de desnuclearização em 2018, os Estados Unidos não retribuíram essas iniciativas positivas e não abordaram as preocupações legítimas e razoáveis" da Coreia do Norte, insistiu.

O representante chinês referia-se assim aos gestos que o regime de Kim Jong-un tem feito nos últimos anos, suspendendo os seus testes nucleares e os seus ensaios de armas, que levaram a contactos com a administração norte-americana do agora ex-presidente Donald Trump (2017-2021).

Essas negociações, no entanto, não ofereceram nenhum progresso concreto e Pyongyang retomou os seus lançamentos de mísseis, com repetidos testes em desafio às resoluções da ONU.

A Rússia, por sua vez, ressaltou que impor mais sanções à Coreia do Norte não ajudará em nada e criticou a fixação dos EUA por apostar nesse caminho de pressão e não no diálogo.

Washington, por sua vez, considera que é justamente a inação do Conselho de Segurança diante dos lançamentos de mísseis norte-coreanos está a ser interpretada por Pyongyang como "uma luz verde para agir com impunidade e aumentar a tensão".

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