O conselheiro presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, rejeitou que as forças russas tenham abandonado as suas posições na ilha Zmiinyi (ou ilha da Serpente, como é traduzido para inglês) num "gesto de boa vontade", conforme anunciado pelo Ministério da Defesa daquele país, esta quinta-feira.
"Correu tudo conforme o plano?", começou por questionar o responsável, na rede social Twitter.
"Então, para que Moscovo mostre boa vontade, temos de a espancar regularmente. Para resumir - mais armas e mais depressa teremos paz, sem a letra nazi 'Z'", atirou.
A publicação incluía ainda uma imagem, que traduzia, de ucraniano para russo, “destruídos pelo exército ucraniano” por “retirada como gesto de boa vontade”.
Everything according to the plan? Again, as a "goodwill", Russian troops flee from Zmiinyi Island – RF Defense Ministry confirmed. So, in order for Moscow to show its goodwill, we have to beat it up regularly. To be short – more weapons and sooner peace without Nazi letter Z... pic.twitter.com/bsyosvWLRL
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) June 30, 2022
Também o conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Gerashchenko, ridicularizou as declarações, através de um vídeo que mostra o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, com um chapéu infantil.
«As an act of goodwill armed forces of the Russian Federation completed their goals at Zmiinyi island and brought out the garrison stationed there»#UkraineRussianWar #UkraineWillWin pic.twitter.com/YXgINbsdF4
— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) June 30, 2022
“Navio de guerra russo, vai-te lixar” foi a famosa frase proferida por Roman Hrybov, o soldado que desafiou os militares russos, depois de estes ordenarem a rendição das tropas ucranianas na ilha Zmiinyi.
Os 13 soldados ucranianos de serviço no local foram, inicialmente, dados como mortos, e Zelensky chegou mesmo a afirmar que todos seriam condecorados postumamente. No entanto, veio a saber-se que estavam, afinal, em cativeiro.
Hrybov foi condecorado pelos serviços prestados com uma medalha de ouro, atribuída pelo Ministério da Defesa da Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 15 milhões de pessoas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além disso, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A ONU confirmou ainda que mais de quatro mil civis morreram e mais de cinco mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
A invasão russa - justificada pelo presidente russo pela necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
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