"Ofereço, em nome do nosso Governo e da nação, as nossas mais sinceras condolências à República de Angola pelo falecimento de um destacado revolucionário e líder de uma nação", salientou Cyril Ramaphosa.
Num comunicado, divulgado pela Presidência da República sul-africana e a que a Lusa teve acesso, Ramaphosa, que é também presidente do ANC, partido no poder desde 1994 na África do Sul, sublinhou que o "percurso" e a "militância" do ex-presidente angolano, assim como a sua formação na antiga União Soviética, "identificam-se com a jornada de muitos sul-africanos no seu próprio movimento de libertação".
"De facto, José Eduardo dos Santos e o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola], que ele liderou, estenderam a sua solidariedade revolucionária e apoio material e militar ao nosso movimento de libertação", salientou o Presidente sul-africano.
"Este apoio fez com que o regime do 'apartheid' e os seus aliados violassem a República soberana de Angola, transformando Angola num campo de batalha pela preservação do regime do 'apartheid'", refere-se na nota.
Na ótica de Ramaphosa, "no fim, através dos sacrifícios do povo angolano e da liderança inabalável do Presidente Dos Santos, a liberdade surgiu numa África do Sul democrática".
"Hoje, as nossas duas nações estão unidas no luto como estávamos em luta, e a África do Sul continuará a honrar a contribuição que o Presidente Dos Santos fez para construir a República de Angola e trazer a paz à nossa região", frisou o Presidente sul-africano.
José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos em Barcelona, após doença prolongada, anunciou a Presidência da República de Angola.
O ex-presidente angolano, que governou de 1979 a 2017, fez a sua primeira visita de Estado à África do Sul em dezembro de 2010, acompanhado por uma dezena de ministros.
A visita oficial seguiu-se a uma visita de Estado do então presidente Jacob Zuma a Angola, em 2009, após décadas de relacionamento difícil durante o regime do 'apartheid' e os primeiros anos do governo de maioria negra na África do Sul, liderado pelos ex-presidentes Nelson Mandela e Thabo Mbeki.
Durante o 'apartheid', a África do Sul apoiou militarmente a União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), até 1989, na guerra civil contra o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de José Eduardo dos Santos.
Entre 1976 e 1989, centenas de guerrilheiros da ala armada do ANC, Umkhonto we Sizwe (MK), treinaram em campos militares em Angola durante a guerra civil de mais de 20 anos, segundo uma biografia do académico sul-africano Thula Simpson.
Após o fim do 'apartheid' em 1994, Nelson Mandela e Thabo Mbeki favoreceram um acordo negociado para a guerra civil angolana, que José Eduardo dos Santos rejeitou até ao fim do conflito armado com a morte do líder da UNITA, Jonas Savimbi, em 2002.
José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou a presidência angolana, que decretou cinco dias de luto nacional e que posteriormente aumentou para sete.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.
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