Temos de parar com a desonestidade e minimizar palavras, e dizer as coisas como são. O que isto ia ser era uma revolução armada", afirmou Tatenhove, ex-porta-voz da organização de extrema direita Oath Keepers e aliado do seu fundador, Stewart Rhodes.
"Morreram pessoas neste dia. Havia uma forca montada à frente do Capitólio", disse Tatenhove. "Esta podia ter sido a faísca que começava a guerra civil".
A comissão parlamentar examinou a fundo as ligações da organização extremista a pessoas próximas de Donald Trump, nomeadamente o ativista conservador Roger Stone. A comissão mostrou um vídeo em que Stone recita o credo dos Oath Keepers.
O fundador Stewart Rhodes é um dos vários membros de organizações extremistas, como os Oath Keepers e Proud Boys, que agora enfrentam acusações criminais de conspiração sediciosa, pelo seu papel no assalto ao Capitólio.
Tatenhove testemunhou que Rhodes acreditava que Trump ia acionar a Lei da Insurreição e isso iria legitimar o trabalho dos Oath Keepers, descrito como "uma milícia perigosa".
"O facto de que o presidente estava a comunicar direta ou indiretamente deu-lhe o sinal. Só posso agradecer aos deuses que as coisas não tenham sido piores", referiu Tatenhove.
O Departamento de Justiça revelou há dias que os Oath Keepers transportaram armas e explosivos para Washington na preparação para o 6 de janeiro, e Tatenhove confirmou que parte do treino da organização era sobre explosivos.
"Penso que tivemos muita sorte em não ter havido mais derramamento de sangue. Havia potencial para muito mais", sublinhou.
O ex-extremista disse temer que o próximo ciclo eleitoral volte a desencadear violência se for reeleito "um presidente que tentou encorajar uma guerra civil entre os seguidores usando mentiras e banha da cobra".
A sétima audiência da comissão bipartidária que investiga o 6 de janeiro também ouviu o testemunho presencial de Stephen Ayres, um auto descrito "homem de família" que disse ter acedido às instruções de Donald Trump e invadiu o Capitólio. Em junho, Ayres declarou-se culpado de conduta desordenada e perturbadora num edifício de acesso restrito.
"Nós não planeávamos ir até ao Capitólio", afirmou Ayres, contando que era um ávido seguidor das redes sociais de Donald Trump e só viajou até Washington porque o presidente pediu a presença de todos no comício.
"O presidente pôs-nos furiosos e obedecemos ao que ele disse", continuou. "Toda a gente pensava que ele ia connosco [ao Capitólio]".
Ayres também disse que na marcha se intensificaram rumores de que ia acontecer "algo grande" e a maioria dos manifestantes pensou que o vice-presidente Mike Pence iria recusar-se a certificar os resultados.
Quando Trump escreveu um tweet a pedir aos invasores que fossem embora, várias horas depois do início da violência, Ayres acedeu de imediato. "Se ele tivesse feito isso mais cedo não estaríamos nesta situação", afirmou.
Em resultado da invasão, Ayres perdeu o emprego, teve de vender a casa e declarar-se culpado em tribunal.
"Isto mudou a minha vida para sempre, e não foi para melhor", testemunhou, mostrando-se "zangado" porque acreditara em todas as palavras do ex-presidente.
"Amo o meu país", declarou. "Sinto que tinha palas nos olhos". Ayres disse que deixou de acreditar que a eleição tinha sido roubada e que o elemento que o convenceu foi o falhanço de mais de 60 processos legais em tribunais por todo o país.
O encobrimento de uma fraude desta natureza teria de ser feito a uma escala tão grande que, concluiu, seria impossível de manter em segredo.
A oitava audiência pública, que chegou a estar prevista para esta semana em horário nobre, foi adiada para a próxima semana.
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