"O reconhecimento é o começo do nosso presente. Estou ansioso para aprender mais sobre o impacto social desta visita. Quero ouvir em primeira mão o que o passado da escravatura significa atualmente para diferentes grupos populacionais no Suriname", realçou o governante.
Num discurso perante a Assembleia Nacional (Parlamento) ocorrido na terça-feira à noite e transmitido hoje pelos meios de comunicação locais, o primeiro-ministro neerlandês garantiu que a escravatura era "um sistema desumano" e que este reconhecimento era necessário mesmo que fosse 150 anos depois.
"[É necessário o] Reconhecimento do sofrimento horrível infligido aos escravos, reconhecimento da luta e resistência que houve e, claro, reconhecimento do impacto social do período da escravidão no nosso presente", sublinhou.
Mark Rute sublinhou também que o desejo do seu governo é que este reconhecimento seja "o mais curativo e reconciliador possível".
Os líderes neerlandeses raramente visitam o Suriname e resistem a pedir desculpas pela transferência forçada de milhares de africanos para sua antiga colónia.
Sobre este tema, o presidente da Assembleia Nacional do Suriname, Marinus Bee, referiu durante o seu discurso a escravatura continua a ser "um ponto espinhoso" e que os Países Baixos não se desculpam oficialmente pelo sofrimento causado e não apoiam o suficientemente a sua ex-colónia.
"Atualmente, parece mais a regra, do que a exceção, que seja negada arbitrariamente a entrada a surinameses no território neerlandês, sem dar uma razão cabal para recusar os vistos exigidos para o espaço Schengen", denunciou Bee.
Rutte apontou que a relação entre os Países Baixos e o Suriname está interrompida a nível governamental há muito tempo, mas que isso está a mudar e que, além disso, uma delegação do setor privado também manifestou interesse em melhorar os laços bilaterais.
Nos últimos anos, Países Baixos e Suriname estão a trabalhar juntos através do programa Makandra, com o qual vários projetos são realizados no país sul-americano.
Sobre este programa, Rutte informou que o orçamento aumentará em quatro milhões de euros, até 10 milhões de euros, ampliando os programas de educação e gestão da água.
A exigência de pedidos de desculpa e até de compensações económicas pela escravatura também é levantada nas Caraíbas pelas ex-colónias britânicas.
O presidente do Suriname, Chandrikapersad Santokhi, pediu esta terça-feira ajuda a Rutte para renegociar um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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