O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou, esta terça-feira, uma "paródia" os referendos de anexação de regiões ucranianas à Rússia.
Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado francês denunciou o "cinismo" russo, poucos minutos antes do seu discurso na Assembleia das Nações Unidas.
Para Macron, os referendos anunciados pelas autoridades pró-russas de anexação de quatro regiões do leste e sul da Ucrânia, controladas por Moscovo, são "mais uma provocação " e "uma caricatura" que, aos olhos dos franceses "não tem consequências legais".
"A Rússia deve deixar o território ucraniano que é soberano e respeitar as fronteiras reconhecidas. A própria ideia de realizar referendos em regiões que sofreram com a guerra é a marca do cinismo. Imitação de forma democrática ou legitimidade democrática, mas não é porque imitamos que encontramos a soberania do povo", assegura o presidente.
Emmanuel Macron acusou ainda a Rússia de "provocar o regresso dos imperialismos e das colónias" na Europa com a invasão da Ucrânia, em fins de fevereiro.
"O que estamos a testemunhar desde 24 de fevereiro é um regresso à era dos imperialismos e das colónias. A França recusa essa ideia e irá obstinadamente procurar a paz", frisou o chefe de Estado francês ao discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
"Quem é hegemónico hoje senão a Rússia?", questionou Macron.
"Aqueles que hoje estão calados servem, ou secretamente com uma certa cumplicidade, a causa de um novo imperialismo, de um cinismo contemporâneo que está a desintegrar a nossa ordem internacional sem a qual a paz não é possível", lamentou Macron.
O presidente francês destacou, no entanto, que mantém um canal aberto de diálogo com a Rússia de Putin, com quem planeia voltar a falar nos próximos dias, em especial sobre segurança nuclear.
Na intervenção, Macron continuou as duras críticas contra Moscovo, sublinhando a "agressão russa à Ucrânia", em que Putin está a tentar envolver toda a comunidade internacional.
"Com a guerra, a Rússia decidiu abrir a proibição de outras guerras de anexação, hoje na Europa, mas talvez amanhã na Ásia, África e América Latina. O que vimos desde 24 de fevereiro é um regresso ao imperialismo e ao colonialismo, rejeitado pela França", insistiu.
Para Macron, a paz "só é possível" se a Ucrânia "soberanamente" a quiser e a Rússia aceitar, "de boa-fé", que a soberania ucraniana seja "respeitada, com um território libertado e com garantia de segurança".
Refira-se que foi anunciado que os territórios separatistas pró-russos da região de Donbass, na Ucrânia, vão realizar de 23 a 27 de setembro referendos para decidirem sobre a sua anexação pela Rússia.
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