Atleta que não usou hijab regressa ao Irão. "Até agora, nada aconteceu"

Elnaz Rekabi repetiu que não usar o hijab durante a competição em Seul não foi intencional, mas admitiu alguma tensão no regresso ao seu país.

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Tomásia Sousa
19/10/2022 08:36 ‧ 19/10/2022 por Tomásia Sousa

Mundo

Elnaz Rekabi

A atleta iraniana Elnaz Rekabi, que conquistou no domingo a medalha de bronze na final do campeonato asiático de escalada, na Coreia do Sul, depois de competir sem hijab, foi recebida por uma multidão no regresso ao país de origem.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a chegada da atleta ao Aeroporto de Tehran-Imam Khomeini, nos arredores de Teerão, e grandes multidões a cantar o nome de Rekabi, chamando-a de heroína.

Amigos e apoiantes tinham levantado preocupações sobre a segurança da atleta, depois de esta ter competido na final daquele campeonato, em Seul, sem o véu tradicional muçulmano e ter chegado a estar incontactável.

Elnaz Rekabi, de 33 anos, veio mais tarde esclarecer, através das redes sociais, que o facto de não ter usado o véu "não foi intencional", uma vez que este tinha caído mesmo antes de ter sido chamada para escalar.

O gesto, que tinha sido visto como uma demonstração de apoio às mulheres iranianas que se têm manifestado contra a obrigatoriedade do uso do hijab após a morte de Mahsa Amini, numa altura em que os protestos entram na quinta semana, não tinha sido afinal propositado.

Entrevistada pela televisão estatal à chegada a Teerão, Rekabi surgiu com um boné preto e um capuz a cobrir o cabelo e repetiu o que já tinha explicado através do Instagram: que não usar o hijab foi "não intencional".

"Como eu estava ocupada a colocar os sapatos e o equipamento, esqueci-me de colocar o meu hijab e fui competir", esclareceu.

"Voltei ao Irão em paz de espírito, embora estivesse com muita tensão e stress", admitiu, já que as mulheres são obrigadas, por lei, a usar o hijab quando participam em competições, mesmo fora do Irão. "Mas até agora, graças a Deus, nada aconteceu."

A atleta de escalada deixou o aeroporto numa carrinha, perante uma multidão em que se contavam muitas mulheres sem o véu.

Segundo o grupo iraniano Iran Human Rights, sediado em Oslo, 122 pessoas foram mortas durante a repressão das manifestações ocorridas na sequência da morte de Mahsa Amini.

A jovem curda, de 22 anos, morreu três dias após ser detida pela polícia da moralidade em Teerão por ter alegadamente infringido estas leis da República islâmica, em particular o uso do véu.

Na passada sexta-feira, a Amnistia Internacional lamentou a morte de pelo menos 23 crianças "mortas pelas forças de segurança iranianas".

Leia Também: Nem desaparecida, nem detida. Atleta iraniana diz que "hijab caiu"

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