"Temos a certeza de que o encerramento [dos portos] aos migrantes e refugiados e a indiferença pelas causas que os movem são a estratégia mais eficaz e digna?", questionaram os bispos na mensagem divulgada.
"Temos a certeza de que é possível, tanto na Ucrânia como em países onde decorrem muitos outros 'conflitos esquecidos', superar as razões que criaram as guerras?", acrescentou a nota informativa da Conferência Episcopal italiana, lembrando que "deve sempre haver vida [à espera] para crianças, deficientes, idosos, doentes e migrantes".
A posição dos bispos italianos foi tomada uma semana depois de o novo Governo de extrema-direita de Itália ter decidido não autorizar ou não responder aos pedidos dos navios de resgate humanitário de migrantes no Mediterrâneo para desembarcar as pessoas recolhidas.
A questão gerou um novo foco de tensão na Europa, quando França anunciou, perante a falta de resposta de Itália, que iria receber o navio 'Ocean Viking', onde estavam 234 pessoas resgatadas a bordo há 19 dias.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, avançou, em conferência de imprensa realizada na quinta-feira em Paris, que França tinha decidido acolher "a título excecional" o navio, mas garantiu que ia adotar sanções contra Itália pela recusa de receber a embarcação, pedindo à União Europeia (UE) para fazer o mesmo.
Além da "suspensão com efeitos imediatos" do acolhimento de 3.500 refugiados, França decidiu reforçar os controlos fronteiriços com Itália, afirmou então o ministro.
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
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