O movimento rebelde, próximo do Irão, reivindicou a responsabilidade por ataques de 'drones' (aparelhos voadores não tripulados) que impediram que petroleiros atracassem em portos controlados pelo Governo, cujas forças são apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
Os ataques ocorreram quando a ONU tentou, sem sucesso, relançar a trégua, que durou entre abril e outubro.
Em causa está o facto de os rebeldes estarem a exigir o pagamento, por parte do Governo, aos funcionários públicos e soldados aposentados nas áreas que tomaram em oito anos de guerra, incluindo a capital Sanaa.
O objetivo dos huthis é "pressionar para que as exigências sejam atendidas", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Ahmed Nagi, investigador do Malcolm H. Kerr Carnegie Middle East Center, em Beirute.
Para o especialista sobre as questões relacionadas com o Iémen, os ataques revelam a "dimensão dos desafios económicos" que os rebeldes enfrentam nos territórios que controlam, deslocando o debate "da partilha do poder para a partilha dos recursos".
Segundo o Banco Central de Aden (sul), a capital provisória onde o Governo está instalado, as exportações de petróleo renderam em 2021 cerca de 1.400 milhões de dólares (1.340 milhões de euros).
O país mais pobre da Península Arábica produz cerca de 80 mil barris por dia, a maior parte exportada para financiar 70% dos gastos do Governo na área da defesa.
Segundo as Nações Unidas, o conflito causou uma das piores tragédias humanitárias do mundo, matando centenas de milhares de pessoas e criando milhões de deslocados e de refugiados.
Desde o fim da trégua, os Huthis anunciaram que lançaram três ataques a portos petrolíferos, ofensivas que "minam os esforços de paz", alertou em meados de novembro Rashad al-Alimi, chefe de um conselho presidencial que representa o poder, durante uma reunião com embaixadores ocidentais.
Criticando o impacto desses ataques na já devastada economia do país, Rashad al-Alimi alertou para as "repercussões humanitárias catastróficas" de um declínio nos recursos estatais.
Cerca de 80% da população de 30 milhões já depende de ajuda humanitária para sobreviver, boa parte devido à fome.
Leia Também: Iémen. Huthis lançam primeiro grande ataque após fim de cessar-fogo