Em declarações à imprensa, o tesoureiro do ANC, Paulo Mashatile salientou que os deputados do partido maioritário na Assembleia Nacional não vão apoiar a adoção do relatório parlamentar que concluiu que pode haver um caso de destituição do Presidente no caso de alegada corrupção na fazenda agrícola Phala Phala.
"Isso significa que o Presidente continua como Presidente", declarou Mashatile, acrescentando que o NEC (na sigla em inglês), órgão máximo do partido, "não tomou nenhuma decisão para Ramaphosa renunciar ao cargo".
"Não estamos a apoiar um processo que levará à destituição do Presidente", referiu.
Mashatile referiu que "os funcionários [do ANC] no parlamento decidirão o que acontecerá amanhã".
Os deputados na Assembleia Nacional, onde o ANC detém a maioria, devem debater o relatório da comissão parlamentar na terça-feira, e votar também se o processo de destituição do Presidente deve avançar.
Os partidos da oposição pediram a demissão do chefe de Estado.
O Presidente da República da África do Sul pediu hoje ao Tribunal Constitucional a anulação do relatório parlamentar, na véspera de os deputados debaterem o documento na Assembleia Nacional, na terça-feira, e votarem também se o processo de destituição do Presidente deve avançar.
O chefe de Estado sul-africano quer que o relatório apresentado na quarta-feira seja "revisto", "declarado ilegal" e que "não seja tido em conta", segundo a imprensa sul-africana.
Ramaphosa quer também que a mais alta instância judicial no país invalide "quaisquer medidas" tomadas em resultado do relatório parlamentar, nomeadamente a anulação de qualquer investigação que possa vir a enfrentar.
Cyril Ramaphosa, de 70 anos, é acusado de tentar encobrir o alegado roubo de elevadas somas de dinheiro na sua quinta agrícola Phala Phala, em 2020.
No seu relatório, divulgado na quarta-feira, uma comissão parlamentar concluiu que o chefe de Estado pode ter violado leis anticorrupção, roubando e escondendo dinheiro em negócios na sua quinta agrícola Phala Phala, em 2020, situada em Bela-Bela, província de Limpopo.
As alegações contra o Presidente da República, e líder do ANC governante, partiram do antigo chefe dos serviços secretos sul-africanos Arthur Fraser (2016-2018), e diretor dos serviços prisionais (2018-2021), alegando que o montante em causa é "aproximadamente entre quatro milhões e oito milhões de dólares".
Fraser alegou que um conselheiro do Presidente transportou ilegalmente avultadas somas de dólares para a África do Sul desde a Arábia Saudita, Egito, Marrocos e Guiné Equatorial, segundo o relatório parlamentar a que a Lusa teve acesso.
O Presidente sul-africano negou as alegações, sustentando que o dinheiro é produto da venda a dinheiro de um número não especificado de búfalos a um empresário sudanês no montante de 580.000 dólares, salientou.
[Notícia atualizada às 17h11]
Leia Também: Partido ANC discute futuro de Ramaphosa sem a presença do seu líder