O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, referiu em comunicado que a condenação do autarca social-democrata, que inclui a sua desqualificação política, "não é consistente com o respeito pelos direitos humanos, liberdades fundamentais ou Estado de direito".
Os Estados Unidos instaram também o governo turco de Recep Tayyip Erdogan a "acabar com os processos por desacato" e a "respeitar os direitos e liberdades de todos os cidadãos turcos".
O executivo de Joe Biden está "seriamente preocupado com o assédio contínuo da sociedade civil, dos 'media' e de líderes políticos e empresariais na Turquia", através de "prisões preventivas prolongadas", acusando os detidos de apoio ao terrorismo.
Os juízes consideraram esta quarta-feira que o autarca insultou altos dirigentes eleitorais ao dizer, em novembro de 2019, que "quem anulou as eleições de março é estúpido", em referência à sua primeira vitória nas urnas naquele ano, contestada pelo partido no poder, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder e liderado por Erdogan), pela curta margem obtida.
Imamoglu, membro do maior partido da oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata e nacionalista), venceu com uma vantagem muito maior na repetição das eleições em junho do mesmo ano.
Também hoje a União Europeia (UE) criticou a sentença "desproporcionada" contra Ekrem Imamoglu, realçando que confirma "a sistémica falta de independência do poder judicial".
O serviço de ação externa da UE, liderado pelo chefe da diplomacia, Josep Borrell, referiu que a sentença contra o líder da oposição constitui "um grande revés para a democracia na Turquia".
"A Turquia precisa reverter o contínuo retrocesso em termos de direitos humanos e do Estado de direito", destacou a diplomacia comunitária em comunicado.
A oposição na Turquia acredita que esta sentença, que gerou protestos generalizados em Istambul, é uma manobra do governo para eliminar um político popular que pode desafiar Erdogan nas eleições gerais de junho.
Os principais líderes da oposição prometeram hoje "acabar com a tirania" e formar uma coligação nacional para substituir o Presidente Recep Tayyip Erdogan.
O caso do autarca será ainda analisado por um tribunal superior de apelação, mas não é seguro que o governo permita a sua permanência no cargo até uma sentença definitiva. A sua destituição imediata do cargo é um cenário possível.
Nos casos de condenações similares de responsáveis municipais eleitos pelo Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda) nas regiões curdas do sudeste do país, o Ministério do Interior tem habitualmente nomeado, de forma imediata, um administrador para assumir as funções do presidente de câmara proscrito.
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