O opositor russo Alexei Navalny revelou, esta quarta-feira, que o líder do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, esteve na prisão onde se encontra detido a “recrutar condenados para os seus batalhões”.
“Acontece que o cozinheiro de Putin, Prigozhin, também veio à minha colónia penal para recrutar condenados para os seus batalhões”, revelou Navalny numa publicação na rede social Twitter, referindo-se ao facto dos restaurantes e empresas de ‘catering’ de Prigozhin serem habitualmente responsáveis pela organização dos jantares do presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo o opositor do Kremlin, que cita uma testemunha, o empresário russo “chegou de helicóptero” e foram reunidos todos os condenados. “O Prigozhin era pequeno e careca”, revelou a testemunha.
Junto aos detidos, Prigozhin terá afirmado: “Eu próprio cumpri 10 anos, peço-vos que se tornem os meus soldados da tempestade. Daqui a seis meses vou conceder um perdão a todos, têm cinco minutos para pensarem nisso”.
Entre 80 a 90 prisioneiros foram até à administração da prisão para se registar. Depois houve uma “segunda vaga de recrutamento”. “Não compreendemos bem as terríveis consequências a longo prazo que todo este recrutamento terá”, alertou Navalny.
“Há 440 mil pessoas sentadas nas prisões russas. Durante um curto período de tempo, um par de milhões de pessoas passam pelo sistema de prisão preventiva e prisões. São eles a população criminosa russa”, explicou o opositor, acrescentando que “agora 100% desta população” saberá que “não há lei, não há tribunais, não há regras”.
“Ao estalar de um dedo, literalmente dentro de 24 horas, assassinos e ladrões com enormes penas de prisão não são libertados pelo tribunal, e nem mesmo por Putin, mas pelo pequeno careca que vem para as prisões com uma história sobre cumprir ele próprio 10 anos”, frisou.
Navalny disse ainda que Putin pediu a Prigozhin para “criar esquadrões de criminosos, onde esmagam cabeças com marretas e realizam execuções públicas”, com o objetivo de “roubar sem vergonha um pedaço de terra ao estado vizinho”.
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 45 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
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