Paul Johnson falava durante a Conferência anual do Institute for Government, onde reconheceu que muitos trabalhadores do setor público "estejam fartos" devido à perda de poder de compra.
"Durante o último ano foi de cerca de 05 por cento, para além de um corte salarial em termos reais de cerca de 8-9% desde 2010", adiantou Johnson, concluindo: "Não vejo que as greves acabarem sem algum movimento do lado do governo".
Porém, o diretor do centro de estudos Institut for Fiscal Studies admitiu que "é realmente difícil manter os salários do setor público de alguma forma próximos da inflação", indicando que tal custaria entre 12.000 a 15.000 milhões de libras (14.000 a 17.000 milhões de euros).
A taxa de inflação no Reino Unido encontra-se nos 10,7%, impulsionada pelo custo elevado da energia e alimentação, mas o Governo acredita que já atingiu o pico e que está numa trajetória descendente.
O Executivo de Rishi Sunak está num braço de ferro há vários meses com trabalhadores dos transportes, saúde e educação sobre aumentos de salários e condições de trabalho.
Na segunda-feira, o sindicato National Union Education anunciou vários dias de greve em fevereiro e março dos professores de escolas primárias e secundárias em Inglaterra e País de Gales, intensificando a pressão sobre o governo.
Esta semana, enfermeiros vão fazer greve na quarta e quinta-feira e na próxima segunda-feira será a vez dos tripulantes de ambulâncias.
Para 01 de fevereiro está prevista uma greve geral de funcionários públicos de vários setores, à qual se deverão juntar trabalhadores dos comboios.
O instituto de estatísticas britânico Office for National Statistics (ONS) revelou hoje que a agitação laboral em novembro resultou na perda de 467.000 dias de trabalho no Reino Unido, o valor mais alto desde 2011.
O ONS indicou também que os salários caíram em termos reais em 2,6% entre setembro e novembro, uma das maiores quedas desde 2001, e que a diferença entre os salários da função pública e setor privado continua a aumentar.
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