As chamadas Conferências das Partes ou COP são cimeiras mundiais nas quais, sob a égide da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), são negociados acordos ao mais alto nível para mitigar a crise das alterações climáticas.
Em carta enviada a Guterres, as 450 organizações denunciam que Al-Jaber é diretor executivo da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), a 12ª maior produtora de petróleo do mundo, e alegam que o facto de ocupar esse cargo representa "uma ameaça à legitimidade e eficácia da COP28".
"Para termos alguma esperança em conseguir enfrentar a crise climática, as COP não podem ter nenhuma influência da indústria de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão)", acrescenta a carta, na qual as organizações alertam que a ADNOC tem um dos planos mais ambiciosos no mundo para a expansão dos seus negócios de petróleo e gás.
"Os seus planos são incompatíveis com o que defende a Agência Internacional de Energia, que já deixou claro que não pode haver novas explorações de petróleo e gás se se quiser realmente quiser limitar o aumento da temperatura global a 1,5° Celsius", acrescentou.
Na carta, o grupo critica também que os Emirados Árabes Unidos não levem "a sério" a necessidade de deixar de usar e de produzir combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global, e acusa o país de ser um dos maiores causadores da crise do clima.
Os signatários criticam que a nomeação de Al-Jaber tenha sido comemorada pelos Estados Unidos, União Europeia e até pela Nações Unidas, e destacam que a sua eleição reflete a grande influência que os grandes poluidores continuam a ter na política climática.
"Isto mostra ainda um problema mais profundo: os interesses da indústria de combustíveis fósseis invadiram a UNFCCC e ameaçam a sua legitimidade", como "ficou claro" na COP27 (realizada no Egito), na qual mais de 630 grupos de pressão de combustíveis fósseis se inscreveram para participar nas negociações, afirmam.
Para este grupo, nenhuma COP liderada por um executivo de uma empresa de combustíveis fósseis pode ser considerada legítima e não pode continuar a haver "grandes poluidores a determinar as regras".
As organizações instam a ONU a estabelecer uma Estrutura de Responsabilidade que inclua uma política para acabar com os conflitos de interesse "de uma vez por todas" e impedir que grandes poluidores financiem a política climática.
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