O pedido, que foi feito na sexta-feira, acontece cerca de duas semanas após dezenas de congressistas Democratas terem pedido ao Governo dos Estados Unidos da América (EUA), presidido por Joe Biden, que revogasse o visto diplomático ou qualquer permissão que Jair Bolsonaro tenha para estar em solo norte-americano.
"Acho que a Florida será o seu lar temporário longe de casa. Neste momento, com a situação dele [Jair Bolsonaro], acho que ele precisa de um pouco de estabilidade", disse o advogado do ex-presidente, Felipe Alexandre, citado pelo Financial Times.
Bolsonaro está sob pressão em várias frentes no Brasil, quer pela sua eventual responsabilidade no ataque que os seus apoiantes levaram a cabo às sedes dos três poderes no passado dia 08, quer por irregularidades cometidas durante o seu mandato presidencial.
Bolsonaro encontra-se no estado da Florida, para onde viajou em 30 de dezembro, dois dias antes do fim do seu mandato e da tomada de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe sucedeu no cargo presidencial.
Contudo, a sua permanência nos EUA tem sido contestada por vários políticos norte-americanos, que exigem que seja investigada qualquer ação que possa ter sido tomada em solo norte-americano para ajudar ou coordenar a invasão dos edifícios dos três poderes brasileiros.
"Não devemos permitir que Bolsonaro ou qualquer outro ex-funcionário brasileiro obtenha refúgio nos EUA para escapar da justiça por crimes que possam ter cometido" no Brasil, escreveram os congressistas numa missiva enviada ao Governo de Joe Biden em 12 de janeiro.
Os legisladores asseguraram que Bolsonaro entrou nos EUA com o visto A-1, que é concedido a diplomatas ou funcionários de um Governo estrangeiro.
"Como [Bolsonaro] já não é mais o Presidente do Brasil, nem exerce atualmente o cargo de funcionário público brasileiro, pedimos que seja reavaliada a sua situação no país para determinar se há base legal para a sua permanência e que revogue qualquer visto diplomático que possa ter", apelaram os congressistas.
O Governo norte-americano ainda não se pronunciou sobre qual estatuto legal que Bolsonaro mantém nos Estados Unidos.
No entanto, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse este mês que as pessoas que entram nos EUA com um visto A-1 têm 30 dias para deixar o país se deixarem de fazer parte de um Governo.
"Se um titular de visto A não estiver mais envolvido em assuntos oficiais em nome desse Governo, cabe a esse titular de visto deixar os EUA ou solicitar uma mudança para outro estatuto de imigração dentro de 30 dias", disse Price.
Flávio Bolsonaro, senador e filho mais velho do ex-presidente, disse no sábado que não há estimativa para o regresso do seu pai ao Brasil.
"Pode ser amanhã, pode ser daqui a seis meses, ele pode nunca mais voltar. [Mas] ele não tem medo, porque não tem responsabilidade pelo que aconteceu no Brasil", disse, segundo o Financial Times.
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