"Além de deixar clara a nossa grande preocupação com o decreto, dissemos-lhes: se não revogarem o decreto agora, então terão de alargar as isenções de modo a incluir todos os aspetos da ajuda humanitária", disse aos jornalistas Martin Griffiths, que esteve em Cabul na semana passada com líderes de organizações não-governamentais (ONG) internacionais.
A 24 de dezembro, os talibã, que desde o seu regresso ao poder no Afeganistão em agosto de 2021 impuseram restrições severas às mulheres, proibiram as ONG de trabalhar com mulheres afegãs, forçando algumas organizações a suspenderem as suas atividades. Contudo, desde então, foram anunciadas exceções para os setores da saúde e do ensino primário.
"Foi-nos dito que as autoridades talibãs estavam a preparar diretrizes que poderiam clarificar o papel das mulheres nas operações humanitárias", disse Martin Griffiths. Mas "foi-nos pedido que fossemos pacientes. Vamos esperar e ver se estas diretrizes se concretizam", acrescentou, observando que não "gostava de especular".
"Esperemos não ter de esperar muito tempo, porque cada dia que passa sem um funcionamento adequado da ajuda humanitária não é bom para o povo afegão", insistiu.
Segundo a ONU, que estima em 4,6 mil milhões de dólares o plano de ajuda para o Afeganistão em 2023, 28 milhões de afegãos dependem dessa ajuda humanitária.
O Afeganistão está a enfrentar um inverno rigoroso. "O segundo sob os talibãs. Conseguimos sobreviver ao último inverno. Não sei se podemos fazer isso indefinidamente, não com estas proibições", insistiu Martin Griffiths.
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