No segundo dia da visita à RDCongo, o Papa recebeu na nunciatura uma representação das organizações caritativas no país, no qual existe uma das maiores crises de fome do mundo e onde os conflitos armados e a deslocação generalizada da população ocorrem há mais de 25 anos, de acordo com um relatório do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.
Em todo o país, 5,7 milhões de pessoas fugiram das suas casas e perderam os seus meios de subsistência, e prevê-se que 26,4 milhões de pessoas estejam em situação de insegurança alimentar aguda entre janeiro e junho deste ano, enquanto se estima que 2,8 milhões de crianças sofram atualmente de desnutrição aguda.
O Papa elogiou o facto de, nos seus discursos, os representantes das organizações humanitárias não se terem referido simplesmente aos problemas sociais ou enumerado muitos factos sobre a pobreza, "mas sobretudo falarem dos pobres com carinho".
"Hoje, enquanto tantos os descartam, vocês abraçam-nos; enquanto o mundo os explora, vocês promovem-nos. Promoção contra a exploração, esta é a floresta que cresce enquanto o desflorestamento de descarte faz violentos estragos", disse Francisco ao receber, entre outros, representantes do centro "Sonho", da Comunidade de Sant'Egídio, que cuida de doentes com sida.
E acrescentou: "Gostaria de dar voz ao que vocês fazem, fomentar o crescimento e a esperança na República Democrática do Congo e neste continente. Vim aqui animado pelo desejo de dar voz a quem não a tem".
"Como desejo que os meios de comunicação social deem mais espaço a este país e a toda a África; que se conheçam os povos, as culturas, os sofrimentos e as esperanças deste jovem continente do futuro. Serão descobertos imensos talentos e histórias de verdadeira grandeza humana e cristã; histórias nascidas num clima autêntico, que conhece bem o respeito pelos mais pequenos, pelos idosos e pela criação", disse.
O Papa salientou que "o que causa pobreza não é tanto a ausência de bens ou oportunidades mas a sua distribuição não equitativa", e que a caridade "não é uma questão de bondade, mas de justiça. Não é filantropia, é fé".
Também instou as organizações a "serem sempre exemplares", acrescentando que "é fundamental que as iniciativas e obras de bem, além de responderem às necessidades imediatas, sejam sustentáveis e duradouras, e não simplesmente assistencialistas".
E defendeu que "mais do que distribuir bens, que será sempre necessário, é melhor transmitir conhecimentos e ferramentas que tornem o desenvolvimento autónomo e sustentável".
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