"Há de facto esta preocupação internacional [sobre declínio da produção petrolífera em Angola], mas nós estamos aqui a nível interno a fazer o nosso trabalho, o declínio de produção é natural em qualquer país do mundo", respondeu o presidente do conselho de administração da ANPG - Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis angolana, Paulino Jerónimo.
"Vejo muitas vezes exemplos de países que produziam 3,6 milhões de barris e hoje estão a produzir 1,2 milhões, então é um declínio natural, o que eu considero não natural é nós não fazermos nada para exonerarmos esse declínio e é isto de facto que estamos a fazer agora", sustentou.
Falando em Luanda, após a cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento entre a ANPG, Sonangol Pesquisa & Produção e a ExxonMobil, o responsável minimizou as projeções internacionais sobre a queda da produção petrolífera em Angola.
Referiu que quando a agência foi criada já existiram decretos assinados pelo Presidente da República e um grupo de trabalho, criado por João Lourenço, "que criou uma série de instrumentos para reativar o setor petrolífero".
"E nós como agência tivemos como missão de implementá-los", salientou, exemplificando os campos marginais, "descobertos ao longo de muitos anos e não foram desenvolvidos e que não eram economicamente viáveis à luz dos contratos existentes".
Apontou a possibilidade de se realizar exploração dentro das áreas em desenvolvimento, "como a produção do gás", considerando serem medidas que "permitiram a estabilização da produção, sobretudo em 2021, 2022 e com mesmas perspetivas para 2023".
"Vemos que nós já temos uma certa estabilização, não nos esquecendo que viemos de um pico de produção de 1,9 milhões de barris/dia em 2008 e que em agosto deste mesmo ano atingimos 2 milhões de barris/dia", justificou.
Mas, que a partir daí, se veio "declinando, primeiro de maneira suave, depois de maneira abrupta" e o trabalho "foi de facto de acordar com os operadores", como a ExxonMobil, com quem se acordou "o desenvolvimento dos campos maduros no bloco 15 e tem sido um sucesso", apontou.
"Na prática para dizer que nós tomamos uma série de medidas de modo a estabilizar a produção, olhando para fora há sempre a não informação detalhada, definitivamente quem tem a informação detalhada do que está a acontecer em Angola somos nós", prosseguiu o presidente da ANPG.
"Temos acordos assinados com o bloco 14, bloco 15, bloco 17, com bloco 18, bloco 31, todos esses acordos mais os campos marginais vão permitir estabilizar a produção", referiu.
Além da estabilização da produção, justificou Paulino Jerónimo, a concessionária angolana tem também "estratégias" de atribuição de concessões e de exploração: "E, definitivamente, temos todos os instrumentos em mãos de modo a exonerar esse declínio".
"Na prática conseguimos ver uma certa estabilização quando comparado aos últimos dois anos, temos uma certa estabilização, claro que temos que continuar a trabalhar de maneira a garantir essa estabilização até a ExxonMobil fazer a descoberta no Namibe", notou, aludindo à perfuração do primeiro poço de pesquisa na bacia do Namibe, a partir de 2024.
"Porque de facto temos hoje o suficiente para manter a estabilização", insistiu, defendendo que o país precisa de novas descobertas, "para inverter a curva para cima", apontado para projetos em curso, como os campos maduros.
Paulino Jerónimo foi um dos signatários do um memorando de entendimento dos blocos 30, 44 e 45 da bacia do Namibe, juntamente com a estatal angolana Sonangol e a norte-americana ExxonMobil.
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