Em entrevista à agência France-Presse (AFP), al-Aaraji avisou que o plano para repatriar todos os iraquianos do campo sírio de al-Hol, onde permanecem familiares de membros do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), "ainda requer muito trabalho e um maior apoio por parte das organizações internacionais" para acolher os recém-chegados.
Para concluir estes repatriamentos até ao final de 2025, o Iraque contava com o empenho das organizações internacionais para montar um campo de acolhimento no seu território.
"O único e principal obstáculo é a cessação da ajuda às organizações, e o Iraque não pode resolver este problema sozinho", salientou o conselheiro iraquiano.
No final de fevereiro, a administração do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, cortou drasticamente o financiamento à ajuda humanitária de Washington, incluindo 92% para programas no estrangeiro da agência de desenvolvimento USAid.
"Ficámos surpreendidos com a cessação do apoio do lado americano às organizações", reconheceu al-Aaraji.
Com mais de 40 mil pessoas de 47 países, o campo de al-Hol é o maior das instalações administradas no nordeste da Síria pelas forças curdas, ponta de lança da luta antijihadista neste país, com o apoio de uma coligação internacional liderada por Washington.
Segundo as autoridades de Bagdade, mais de 13.000 iraquianos foram repatriados desde 2021, enquanto 16.000 ainda aguardam o seu regresso.
Por outro lado, e enquanto o Iraque se encontra na encruzilhada de várias crises regionais, o país mantém-se otimista em relação a um acordo de paz no conflito que opõe o Exército turco ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como terrorista por Ancara e pelos seus aliados ocidentais.
No início de março, o PKK declarou um cessar-fogo com a Turquia, respondendo a um apelo histórico do seu fundador, Abdullah Öcalan, preso há 26 anos e que ordenou ao movimento que depusesse as armas e se dissolvesse.
O Iraque sofre diretamente com as repercussões do conflito, na medida em que o Exército turco possui dezenas de bases no Curdistão autónomo, no norte do território iraquiano e lança regularmente operações terrestres e aéreas contra o PKK, que estabeleceu as suas unidades de retaguarda na mesma região.
"Não queremos o Exército turco nem o PKK no nosso território (...) O Iraque quer que todos se retirem", declarou al-Aaraji.
A par das hostilidades no Iraque, os confrontos entre turcos e curdos sírios intensificaram-se após a queda do regime de Damasco, em dezembro do ano passado, no seguimento de uma operação relâmpago de grupos armados que puseram fim a décadas da dinastia Assad.
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