"Muitas vezes foi aqui pronunciada a palavra reconciliação (...), é preciso que haja confiança e que se discuta sempre com serenidade", pediu Joaquim Chissano, à margem da assinatura do acordo entre o presidentemoçambicano, Daniel Chapo, e os principais partidos políticos de Moçambique, em Maputo.
O acordo assinado entre Daniel Chapo e os partidos com assento parlamentar, nomeadamente o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), além do extraparlamentar Nova Democracia, é focado em reformas estatais, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país.
Para Chissano, que liderou Moçambique de 1986 a 2005, o momento é "encorajador" e dá muita esperança ao povo moçambicano.
"Este acordo que foi assinado agora é um acordo para trazer todos os moçambicanos a discutir e é essa confiança que vai marcar os resultados que vamos desfrutar no futuro", afirmou.
O antigo presidentemoçambicano espera ainda que nas próximas discussões abundem propostas "positivas e concretas", em busca de soluções para os conflitos pós-eleitorais que se iniciaram em outubro.
"Que as contradições que existirem sirvam para a reflexão na busca de soluções aos problemas que o país enfrenta", concluiu.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.516 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a Plataforma Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
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