"Tivemos hoje uma discussão muito produtiva com a presidente de Taiwan", afirmou Kevin McCarthy, numa conferência de imprensa à porta da Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, perto de Los Angeles, rodeado de congressistas de ambos os partidos.
Tsai Ing-wen foi recebida por Kevin McCarthy e uma comitiva bipartidária de congressistas que incluiu o democrata Pete Aguilar, o republicano Mike Gallagher e outros membros eleitos, numa reunião que enfureceu o regime chinês, que não reconhece a soberania de Taiwan.
"Ficou claro que várias ações são necessárias", disse o líder republicano, enumerando os principais focos da reunião. "Temos de continuar as vendas de armamento e garantir que chega a Taiwan de forma atempada", indicou.
"Temos de fortalecer a nossa cooperação económica, em particular no comércio e tecnologia, e temos de continuar a promover os nossos valores partilhados no cenário mundial", continuou.
Esses valores são o desejo de viver "em paz, liberdade e democracia", partilhados pelos povos dos Estados Unidos e de Taiwan e fundamentais na ligação entre ambos.
"O apoio da América ao povo de Taiwan vai manter-se resoluto, inabalável e bipartidário", afirmou McCarthy.
Um dos pontos mais repetidos nas declarações à imprensa no rescaldo da reunião foi a natureza consensual e bipartidária deste encontro, numa altura em que a polarização política nos Estados Unidos está agudizada.
O congressista democrata Pete Aguilar frisou que a intenção é "trabalhar juntos para promover os interesses comuns" e referiu que disse à presidente Tsai Ing-wen que "os democratas nunca vão abandonar o relacionamento" próximo com Taiwan, sublinhando que o grupo representativo do Congresso não deseja acicatar um conflito com a China.
Pequim opôs-se às interações formais entre Ing-wen e oficiais norte-americanos e ameaçou retaliar. Questionado sobre a potencial retaliação do regime, Kevin McCarthy disse que a intenção não é escalar a tensão, considerando que a reunião vai contribuir para a paz.
"A minha primeira mensagem para a China é que não há necessidade de retaliação", disse o líder da Câmara dos Representantes, referindo que não há alteração na política que os Estados Unidos têm seguido nas últimas décadas.
"Quando mais conseguirmos falar a uma só voz, melhor a China vai perceber a nossa posição", frisou, dizendo que o Congresso respeita a política chinesa, mas que o país não deve "enviar balões" para sobrevoar o território americano.
McCarthy também lamentou que mudanças de discurso nas últimas administrações presidenciais tenham enviado mensagens erróneas à China.
A presidente Tsai Ing-wen já tinha agradecido o apoio dos Estados Unidos no seu "trânsito" pela Califórnia.
"Para preservar a paz devemos ser fortes. Somos mais fortes quando estamos juntos", disse Ing-wen aos jornalistas, ao lado de Kevin McCarthy.
Ing-wen, cuja chegada a Los Angeles levou a manifestações no aeroporto e no hotel onde está alojada, disse também que o apoio dos Estados Unidos mostra que a ilha não está isolada, desafiando a política de "Uma Só China" do regime de Pequim.
"Não estamos isolados, não estamos sós", considerou.
O consulado chinês em Los Angeles disse, em comunicado, que "a China opõe-se firmemente a qualquer forma de interação oficial entre os EUA e a região chinesa de Taiwan", considerando a visita e quaisquer declarações de Tsai ing-wen um teatro político.
"A China protesta e condena isto fortemente", refere a nota.
Os encontros entre a presidente e oficiais norte-americanos são relevantes numa altura de escalada das tensões entre os Estados Unidos e a China. Desde 1979 que os EUA não mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan, mas também não reconhecem a autoridade que a China diz ter sobre o território insular.
É a primeira vez que um líder da Câmara dos Representantes recebe oficialmente a presidente de Taiwan em solo norte-americano desde que as relações diplomáticas foram extintas, há 44 anos.
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