O diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) para a Etiópia, Claude Jibidar, afirma na carta estar muito preocupado com a situação e "com a venda em larga escala de alimentos em alguns mercados".
De acordo com Claude Jibidar, a situação é uma ameaça à capacidade do PAM de mobilizar mais recursos para as pessoas necessitadas.
"É imperativo que sejam tomadas medidas imediatas para travar a apropriação e o desvio de alimentos humanitários", disse.
A carta é datada de 05 de abril e é dirigida aos parceiros humanitários do PAM na Etiópia, onde a seca e o conflito interno deixaram 20 milhões dos 120 milhões de habitantes do país dependentes de ajuda.
Jibidar pede às organizações parceiras que partilhem "qualquer informação ou casos de uso indevido, apropriação indevida ou desvio de alimentos de que tenham conhecimento ou que sejam levados ao seu conhecimento pelos seus funcionários, beneficiários ou autoridades locais".
Na carta não é mencionado nenhum caso específico, mas dois trabalhadores humanitários, que pediram anonimato, disseram à AP que a ajuda roubada incluía comida suficiente para 100 mil pessoas e foi recentemente descoberta num armazém em Sheraro, uma cidade gravemente afetada pelo conflito na região de Tigray, no norte da Etiópia.
Um acordo de paz assinado pelo governo federal e os seus rivais do Tigray em novembro reduziu as restrições e as entregas de ajuda foram retomadas na região, onde 5,2 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária.
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