Um tribunal de Moscovo condenou, esta segunda-feira, um dos maiores opositores ao Kremlin, Vladimir Kara-Murza, a 25 anos de pena de prisão.
De acordo com a agência russa Tass, o ativista, que tem nacionalidade russa e britânica, foi considerado culpado dos crimes de traição e por espalhar "informação falsa". O homem deverá ficar numa colónia penal, o que implica condições de detenção mais rígidas.
A pena de prisão de Kara-Murza, de 41 anos, é, segundo o que escreve o The Guardian, a mais longa atribuída a um opositor do Kremlin - à medida que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem vindo a apertar 'o cerco' a quem se opõe a ele, e também que a legislação se vai tornando cada vez mais restrita.
Citada por agências de notícias russas, uma das suas advogadas, Maria Eismont, anunciou que Kara-Murza vai apelar da sentença, denunciando ainda "graves violações de procedimento" durante o julgamento.
O ativista foi detido em abril do ano passado, depois de ter sido acusado de espalhar informações falsas sobre o exército russo, e Moscovo adensou a sua condenação para "alta traição" quando este começou a fazer discursos públicos e a criticar não só as políticas do Kremlin, como a guerra na Ucrânia.
De acordo com as publicações internacionais, na sua última audiência Kara-Murza utilizou um tom desafiante e recusou-se a pedir à justiça para ser absolvido. "Só me arrependo de uma coisa [....]. Falhei em convencer os meus compatriotas e políticos em países democratas do perigo que o atual regime do Kremlin representa para a Rússia e para o mundo", rematou o ativista, que é pai de três filhos.
Kara-Murza era próximo do líder da oposição russa Boris Nemtsov, que foi morto perto do Kremlin em 2015. O opositor sobreviveu a envenenamentos em 2015 e 2017, os quais atribuiu ao Kremlin. As autoridades russas negaram qualquer responsabilidade.
Outra figura proeminente da oposição, Ilya Yashin, foi condenada a oito anos e meio de prisão no final do ano passado sob a acusação de desacreditar os militares russos.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo presidente Vladimir Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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