"A Santa Sé tem trabalhado como intermediária em algumas das situações de intercâmbio de prisioneiros através da embaixada russa na Santa Sé e creio que pode trabalhar também neste caso", afirmou durante a viagem de regresso a Itália no final da visita de três dias à Hungria.
O Papa respondia assim a perguntas dos jornalistas sobre o pedido do primeiro-ministro da Ucrânia, de ajudar ao regresso das crianças.
Frisando que "a Santa Sé está sempre disposta a fazer tudo pelas causas justas", o líder da igreja católica apelou ainda para que "não pare o empenho" na ajuda aos refugiados ucranianos.
Durante a tradicional conversa com os jornalistas a bordo do avião papal, Francisco pediu também à Europa para fazer uma distribuição justa dos migrantes, vincando que não pode ser sempre Malta, Chipre, Espanha, Itália e Grécia a sofrerem com a situação.
"É um problema que tem de ser abordado, são nestes cinco países que desembarca a maioria" dos migrantes, afirmou, escusando-se a dizer se debateu o tema com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que mantém uma dura política anti-imigratória.
Outro dos temas abordados durante a conferência de imprensa foi o da devolução de objetos de arte que estão no Vaticano e que datam da época da colonização do continente americano.
"Na medida em que seja possível, por favor, há que devolver", disse o líder da igreja católica, a propósito da petição dos povos indígenas do Canadá sobre peças de arte que estão no museu do Vaticano.
"As negociações estão em marcha" e o diálogo com os povos indígenas tem sido "muito frutuoso", afirmou, referindo ainda que algumas peças já foram devolvidas como sinal de boa vontade.
"É o sétimo mandamento, se roubaste...", disse o Papa, argumentado que é preciso fazer um juízo sobre cada caso, porque senão "chegam os egípcios a reclamar e não lhes podemos devolver o obelisco [da praça de São Pedro]", afirmou, concluindo que "quando se pode, que se devolva, por favor, para ninguém se habituar a meter a mão no bolso dos outros".
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