"É com satisfação que o Governo de Cabo Verde recebe esta avaliação dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), colocando Cabo Verde no 33.º lugar, em 180 países. Estamos também em terceiro no continente africano e primeiro a nível dos Países Africanos de Língua Portuguesa", afirmou o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro cabo-verdiano, Lourenço Lopes.
Em declarações na Praia, à margem de uma conferência para assinalar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o membro do Governo disse que essa avaliação é importante, mas notou que o executivo não se vangloria quando o país sobe nos 'rankings' e nem se coloca de luto quando desce.
"Aceitamos com humildade a subida de Cabo Verde e é um sinal importante para continuarmos a reforçar a liberdade de imprensa em Cabo Verde e reforçar as condições para o exercício de um jornalismo de qualidade", salientou.
Considerando que os 'rankings' são importantes, o governante sublinhou, porém, que o mais importante ainda é a realidade no arquipélago africano.
"E a realidade diz-nos que vivenciamos todos os dias um ambiente de liberdade de imprensa, quer nos órgãos públicos, quer nos órgãos privados de comunicação social", frisou.
Segundo o relatório da organização RSF, Cabo Verde melhorou, ocupando agora a 33.ª posição (36.ª em 2022).
Entretanto, o documento deixa algumas considerações ao país, entre as quais a existência de uma "cultura de secretismo", em que o Governo restringe o acesso à informação de interesse público.
Questionado se isso não constituiu uma interferência indireta do Estado nos meios de comunicação social, Lourenço Lopes insistiu que há um ambiente de liberdade de imprensa em Cabo Verde.
"Nós, a nível do Governo, damos toda a garantia que não existe nenhuma interferência do Governo na linha editorial ou naquilo que é o trabalho jornalístico, quer dos órgãos públicos, quer dos órgãos privados de comunicação social", respondeu, lançando o repto a todas as instituições do país para colaborarem com os profissionais da comunicação social.
O secretário de Estado garantiu ainda que existe "total abertura" do Governo e das instituições da administração pública em facultar todas as informações para um "exercício cabal" do jornalismo, nomeadamente em matéria de transparência.
A maioria dos países lusófonos melhorou a posição no índice da liberdade de imprensa divulgado hoje, no qual apenas Angola e Portugal desceram posições.
Entre os oito dos nove Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que constam do índice, já que São Tomé e Príncipe não consta, Timor-Leste ocupa agora a segunda melhor posição (10.ª), logo a seguir a Portugal (9.ª), tendo subido sete lugares.
A Guiné-Bissau ocupa agora o 78.º lugar, tendo subido 14 posições em relação ao ano anterior, e o Brasil a 92.ª posição (subiu 18 lugares).
Moçambique registou uma subida de 14 posições, ocupando agora o 102.º lugar, e a Guiné Equatorial, que subiu 21 lugares, está agora na 120.ª posição.
Angola regista o pior resultado entre os lusófonos, ocupando agora o 125.º lugar deste 'ranking' de 180 países, tendo registado também a descida mais acentuada (26 posições) dos Estados-membros da CPLP analisados.
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