Num debate no parlamento, a ministra do Trabalho e 'número três' do Governo de Espanha acusou o partido de extrema-direita espanhol Vox de ter "um programa oculto" no qual quer "restringir o direito à greve e à negociação coletiva", "privatizar as pensões" e "regressar aos contratos lixo", numa alusão a vínculos de trabalho precários.
Yolanda Díaz acrescentou que este programa do Vox "coincide com o da senhora Meloni", que no recente 1.º de Maio aprovou um decreto "para governar contra os trabalhadores em Itália e regressar aos contratos lixo [referência utilizada pela esquerda espanhola em relação aos contratos de trabalho curtos e precários]".
A ministra e segunda vice-primeira-ministra espanhola referia-se ao Conselho de Ministros que Meloni convocou para o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, e no qual foi aprovada legislação laboral, como novas regras para o prolongamento dos contratos de trabalho precários.
Yolanda Díaz é dirigente do Partido Comunista espanhol e integra a plataforma Unidas Podemos, que faz parte da coligação no Governo em Espanha, liderado pelo Partido Socialista.
A ministra respondia a uma pergunta do Vox, que questionou a participação de Yolanda Díaz nas manifestações do 1.º de Maio em Madrid, convocadas por duas grandes centrais sindicais.
As declarações de Yolanda Díaz geraram comentários por parte do Governo italiano, incluindo a própria primeira-ministra e o seu 'número dois' e ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Sobre Espanha, a ministra do Trabalho fala em precariedade. Parece-me que conhece muito pouco a situação porque Itália acaba de conseguir o seu recorde histórico em número de empregados e de contratos estáveis", afirmou Meloni a jornalistas em Praga, citada pelas agências de notícias EFE e AFP.
Meloni atribuiu as declarações de Yolanda Díaz a "dificuldades internas", mas considerou "pouco sensata" a "dinâmica" de usar outros Governos.
"Mas não me preocupa muito", acrescentou.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, considerou "inaceitáveis" as críticas de Yolanda Díaz.
"É uma pena" que Yolanda Díaz "se intrometa na vida política italiana emitindo julgamentos inaceitáveis sobre as decisões do Governo", escreveu Tajani na rede social Twitter.
Para Tajani, as "dificuldades eleitorais" de Yolanda Díaz "não justificam as ofensas a um parceiro e aliado europeu".
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