"A França está preocupada com as informações que confirmam a presença contínua do Movimento 23 de Março (M23) em territórios no leste da RDCongo, o apoio militar contínuo do Ruanda a este grupo armado e a presença de soldados ruandeses em território congolês", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), acrescentando: "Este apoio, que condenamos, deve cessar".
"Os compromissos assumidos pelos diferentes atores regionais devem agora ser postos em prática para acelerar a retirada do M23 dos territórios ocupados, confinar este grupo e encorajar todos os grupos armados a empenharem-se no processo nacional de desmobilização e desarmamento", prossegue o MNE.
A nota alerta para a possibilidade de "sanções contra aqueles que impedem a paz", de acordo com a agência France-Presse.
Rebelião maioritariamente tutsi, o M23, acusado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de numerosos crimes no leste da RDCongo, regressou aos combates no final de 2021, após 10 anos de paz, e apoderou-se de vastas extensões de território na província congolesa do Kivu do Norte, na fronteira com o Ruanda e com o Uganda.
Durante a sua viagem à RDCongo, em março, o Presidente francês, Emmanuel Macron, já tinha lançado um alerta a Kigali, mas não condenou claramente o Ruanda.
Na sua declaração, o MNE francês condenou igualmente "os numerosos abusos cometidos pelos grupos armados citados no último relatório do grupo de peritos da ONU". Além do M23, outros grupos como as Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), os Mai Mai e as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR) estão a aterrorizar a região.
Estas violações "não podem ficar impunes", sublinha a França, apelando ao fim do "apoio dado pelas forças armadas congolesas a certos grupos armados, como as FDLR".
Num relatório publicado na segunda-feira, os peritos da ONU lançaram o alerta sobre a "violência galopante" e as "necessidades humanitárias crescentes" no leste da RDCongo, constatando também que os rebeldes das ADF estavam a receber apoio financeiro do grupo extremista Estado Islâmico e reafirmando que o M23 era apoiado por Kigali.
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