Numa intervenção hoje sobre a situação na Rússia, o ministro considerou que o motim foi um "ataque muito público à autoridade de [presidente russo Vladimir] Putin por um dos seus protegidos e aliados mais próximos".
"Não me sinto à vontade para especular, mas os analistas do meu departamento e de outros vão analisar os cenários potenciais e garantirão que temos medidas de mitigação em vigor, se for caso disso", garantiu.
Cleverly admitiu que "a história completa dos acontecimentos deste fim de semana e os seus efeitos a longo prazo levarão algum tempo a tornar-se claros e não é útil especular".
"Mas a rebelião de Prigozhin constitui um desafio sem precedentes à autoridade do Presidente Putin e é evidente que estão a surgir fissuras no apoio russo à guerra", acrescentou.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já tinha dito aos jornalistas esta manhã que o executivo estava a preparar-se para "uma série de cenários".
O jornal The Times noticiou hoje que análises internas do Governo instaram o governo a preparar-se para o colapso súbito da Rússia.
Embora a instabilidade social já fosse prevista na Rússia devido à guerra, o jornal refere que a rapidez dos acontecimentos no fim de semana levou diplomatas "a prepararem-se apressadamente para diferentes desfechos".
Num discurso hoje numa conferência sobre Guerra Terrestre do centro de estudos Royal United Services Institute (RUSI) em Londres, o Chefe de Estado Maior do Exército, Patrick Sanders, alertou que a instabilidade interna na Rússia pode ameaçar a segurança europeia.
"Ao longo da sua longa e turbulenta história, a Rússia tem sido um país de combates. Devemos também ter em conta que uma Rússia fraturada não será provavelmente uma coisa boa para a segurança europeia", avisou.
Evitando comentar diretamente a situação, referiu que "independentemente dos acontecimentos turbulentos deste fim de semana, os motivos de vigilância a Putin mantêm-se inalterados".
"O debate interno na Rússia gira em torno da forma de combater a guerra mais eficazmente, não sobre como acabar com ela", vincou.
No sábado, o chefe do grupo paramilitar Wagner suspendeu as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.
Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição, garantindo que não iria permitir o início de uma "guerra civil".
Ao fim do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Antes, o chefe do grupo paramilitar acusou o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações que expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.
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