O presidente de França, Emmanuel Macron, apelou, esta sexta-feira, "à responsabilidade" dos pais, na sequência dos mais recentes tumultos em França após um adolescente negro de 17 anos ter sido morto pela polícia em Nanterre, nos arredores de Paris.
Já foram detidas 875 pessoas e, segundo o chefe de Estado francês, "um terço" são jovens. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, disse hoje à agência Lusa que "nenhum cidadão português foi afetado" pelos tumultos dos últimos três dias em França.
“Apelo a todos os pais para que assumam a responsabilidade. Este contexto é resultado de grupos organizados, mas também de muitos jovens. Um terço dos detidos ontem à noite são jovens ou muito jovens. Apelo à responsabilidade dos pais", disse Macron, numa conferência de imprensa, após uma reunião do comité interministerial de crise.
"É responsabilidade dos pais mantê-los em casa. Apelo ao sentido de responsabilidade das famílias", reiterou.
O presidente francês alertou ainda para o papel das redes sociais, onde irá ser feita uma monitorização, e adiantou que serão tomadas "várias medidas" nas próximas horas.
"Plataformas e redes desempenham papéis muito importantes", disse, fazendo referência a redes sociais como TikTok e Snapchat, que entente que têm de remover conteúdos sensíveis, argumentando que a violência está a ser organizada por via "online". "Será pedida a identidade de quem usar as redes sociais para apelar à desordem", notou.
"Tomaremos várias medidas nas próximas horas", assegurou, anunciado que irão ser mobilizados "recursos adicionais" para fazer face aos tumultos e que os departamentos franceses "mais afetados" pela violência vão cancelar todos os eventos festivos até nova ordem.
"Há uma instrumentalização inaceitável da morte de um adolescente", lamentou o chefe de Estado francês, que garantiu que a resposta do Governo "foi reativa e adaptada" em todo o país.
Macron saudou ainda a resposta "rápida e adequada" das forças de segurança, na sequência de três noites consecutivas de tumultos. No entanto, acabou por não anunciar a declaração do estado de emergência, que o Governo tinha estado a ponderar.
De realçar que o chefe de Estado francês abandonou hoje o Conselho Europeu em Bruxelas mais cedo e regressou a Paris para esta reunião de emergência.
Na terceira noite consecutiva de manifestações violentas, além das 875 detenções efetuadas, quase 300 polícias e gendarmes (polícia militarizada) ficaram feridos. Por outro lado, 492 edifícios públicos foram vandalizados e 2.000 veículos foram incendiados.
Recorde-se que a morte do jovem Naël por um polícia que alegou ter usado a arma em legítima defesa - uma versão desmentida pelas imagens de vídeo do incidente - tem levado a violentos protestos nos últimos dias.
O agente responsável pela morte a tiro de um adolescente de 17 anos, na terça-feira, na comuna francesa de Nanterre, perto de Paris, ficou "arrasado" com o incidente e pediu "perdão à família" da vítima. Acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.
[Notícia atualizada às 14h35]
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