Um maior número de acusados significa mais advogados de defesa, mais recursos judiciais e mais atrasos, defendem juristas e ex-procuradores, citados pela agência Associated Press (AP).
Um elenco grande de réus tornaria extremamente difícil para o procurador especial do Departamento de Justiça, Jack Smith, colocar Trump perante um júri antes da reta final da campanha para as presidenciais de 2024, referiram os especialistas.
"Todos os recursos afetam todos os réus, incluindo Trump. Isso atrasaria as coisas. Se não houver mais acusações, não há esse problema", analisou Christopher Ott, ex-procurador federal.
O ex-presidente Donald Trump (2017-2021) foi acusado esta terça-feira como responsável por desenvolver um "projeto criminoso" para impedir uma transição pacífica do poder, após a vitória do democrata Joe Biden.
Na acusação divulgada esta terça-feira, são referidos seis cúmplices que ajudaram Trump nos esforços para inverter o resultado eleitoral.
A AP identificou cinco destes, através de registos judiciais, do Congresso e de outros meios.
O 'cúmplice 1' e 'cúmplice 2' são os advogados Rudy Giuliani e John Eastman.
Giuliani é descrito na acusação como "um advogado que estava disposto a espalhar alegações conscientemente falsas" sobre as eleições, enquanto Eastman "aconselhou e tentou implementar uma estratégia" que teria levado o ex-vice-presidente Mike Pence a rejeitar a certificação dos votos.
Como 'cúmplice 3', é identificado pela AP o advogado Sidney Powell, por promover conspirações eleitorais que até mesmo Trump admitiu em particular que soavam "como loucas", de acordo com a acusação.
O 'cúmplice 4' é apontado como sendo Jeffrey Clark, um funcionário do Departamento de Justiça que defendeu as falsas alegações de fraude eleitoral de Trump, enquanto o 'cúmplice 5' é o advogado Kenneth Chesebro, referido na acusação como alguém que "auxiliou na elaboração e tentativa de implementar um plano de 'falsos eleitores' para obstruir o processo de certificação" das eleições.
A AP identifica como 'cúmplice 6' um consultor político desconhecido que também ajudou no plano dos "falsos eleitores".
Ao decidir não acusar estes seis alegados cúmplices, Jack Smith e os seus procuradores não procuraram apenas acelerar o processo antes das presidenciais de 2024, mas também podem estar a sentir-se pressionados a obter uma condenação antes que Trump ou outro republicano possa chegar novamente à presidência e determinar o fim da acusação, sublinharam os juristas.
"Quatro acusações, um réu, é isto", vincou Jimmy Gurulé, professor de direito da Notre Dame, sobre a forma encontrada por Smith para "simplificar um julgamento sem precedentes de um ex-presidente".
Estes alegados cúmplices também não ficam fora de perigo de serem julgados mais tarde, apesar de não terem sido agora acusados, realçou Randall Eliason, ex-procurador federal e professor de Direito na Universidade George Washington.
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