"Estamos habituados ao som dos confrontos, mas [aproximar-se] dos civis é proibido", disse Abdul Hamid Dbeibah num discurso transmitido pela televisão, citado pela agência norte-americana AP.
Desde 2014, a Líbia está dividida entre duas administrações rivais, uma em Tripoli, chefiada por Dbeibah, e outra a operar em Sirte sob a liderança de Fathi Bashaga, apoiada pelo "homem forte" do leste, marechal Khalifa Haftar.
Cada uma das administrações conta com o apoio de milícias bem armadas e de governo estrangeiros.
Os confrontos opuseram a Brigada 444 e a Força Especial de Dissuasão, depois de Mahmoud Hamza, um dos principais comandantes da brigada, ter sido detido pela milícia rival em Tripoli, segundo os meios de comunicação social locais.
Hamza foi depois libertado e regressou ao quartel-general da sua milícia, de acordo com imagens transmitidas pelos 'media' líbios na quarta-feira.
Durante o discurso pela televisão, Dbeibah estava acompanhado por anciãos tribais do leste de Tripoli, um distrito onde ambas as milícias têm uma forte presença.
Dbeibah, que falou durante 45 minutos, também ameaçou introduzir "outras medidas" contra os dois grupos de milícias se os combates se intensificassem, mas não forneceu mais pormenores.
Não se sabe ao certo qual o papel de Dbeibah e do seu governo na libertação de Hamza, segundo a AP.
Na quarta-feira, o Ministério do Interior de Tripoli disse ter aumentado a presença das forças de segurança nos bairros da capital onde ocorreram os combates mais intensos.
O Governo de Dbeibah criou também um gabinete de crise, mas a calma tinha regressado à cidade na quarta-feira.
O porta-voz do Centro de Medicina de Emergência e Apoio da Líbia, Malek Merset, disse na quarta-feira que o número de mortos tinha aumentado para 45, contra 27 na terça-feira.
Desconhece-se quantos dos mortos eram civis.
Além das vítimas mortais, os serviços de emergência contabilizaram 146 feridos nos confrontos.
A Líbia tem estado mergulhada no caos desde a revolta de 2011, que derrubou o ditador Moammar Gadhafi e resultou numa guerra civil.
As milícias tornaram-se ricas e poderosas, sobretudo em Trípoli e no oeste do país, com muitos dos grupos a lucrar com os raptos e o lucrativo tráfico de seres humanos do país.
A Brigada 444 e a Força Especial de Dissuasão são duas das maiores milícias a operar em Tripoli.
Ambas foram anteriormente apoiantes de Dbeibah, tendo unido forças em maio de 2022 para impedir uma tentativa de entrada na capital por parte de um antigo primeiro-ministro rival do leste do país.
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