De acordo com a agência russa, um tribunal de Moscovo prolongou por mais três meses a prisão preventiva do jornalista norte-americano Evan Gershkovich, detido na Rússia no final de março por alegados atos "espionagem".
"O período de detenção foi prorrogado por três meses (...) até 30 de novembro", declarou o serviço de imprensa do tribunal de Lefortovski (Moscovo) num comunicado.
O jornalista rejeita a acusação.
A imprensa não foi autorizada a assistir à audiência de Evan Gershkovich, que decorreu hoje à porta fechada.
Um dos advogados de defesa abandonou o edifício do tribunal sem fazer qualquer comentário, segundo um correspondente da Agência France Presse presente no local.
Era previsível que a detenção do jornalista seria prolongada, uma vez que o sistema judicial russo raramente liberta pessoas detidas enquanto aguardam julgamento por acusações de espionagem.
Jornalista do Wall Street Journal, Gershkovich foi detido pelos serviços de segurança da Rússia quando fazia uma reportagem em Ecaterimburgo nos Urais, no passado dia 29 de março.
O Wall Street Journal, tal como o USA Today, é um dos dois jornais de âmbito nacional nos Estados Unidos.
Gershkovitch encontra-se na prisão de Lefortovo, Moscovo, e que é utilizada pelos serviços de segurança (FSB) para manter os prisioneiros em regime de quase isolamento.
O repórter de 31 anos que já trabalhou para a France Presse em Moscovo é acusado de espionagem, um crime que pode ser punido com 20 anos de prisão.
A Rússia nunca fundamentou as acusações nem apresentou publicamente quaisquer provas sendo que o processo foi classificado como secreto.
Ainda não foi agendada qualquer data para o julgamento.
Esta detenção ocorre num contexto de fortes tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e a Rússia, causadas pela guerra na Ucrânia.
Washington apoia militar e financeiramente Kiev contra Moscovo.
A prisão de um jornalista estrangeiro devidamente registado pelas autoridades de Moscovo não tem precedentes desde a era soviética.
Mesmo assim, nos últimos anos, vários cidadãos norte-americanos foram detidos e condenados a longas penas de prisão na Rússia.
Washington acusa Moscovo de querer trocar os prisioneiros por russos detidos nos Estados Unidos.
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