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Lisboa. FNAM acusa Governo de "escolher" caos na Ginecologia-Obstetrícia

"Um caos que ameaça deixar toda a região de Lisboa e Vale do Tejo sem resposta para as necessidades", afirma a Federação Nacional dos Médicos.

Lisboa. FNAM acusa Governo de "escolher" caos na Ginecologia-Obstetrícia
Notícias ao Minuto

11:34 - 25/09/23 por Notícias ao Minuto

País Saúde

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) acusou o Ministério da Saúde, esta segunda-feira, de ser responsável pelo caos na Ginecologia-Obstetrícia da região de Lisboa, afirmando que este "escolheu manter as más condições de trabalho e baixos salários".

"Os dois dias do último fim de semana foram uma demonstração da incompetência e da irresponsabilidade do Ministério de Manuel Pizarro e do Governo, que assistem impávidos e sem tomar medidas urgentes para fazer face às consequências do seu plano de contingência", começou por referir, em comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso.

Segundo afirma a FNAM, "o que era suposto ser um plano para fazer face ao encerramento temporário do serviço de Ginecologia-Obstetrícia no Hospital Santa Maria (HSM), em Lisboa, redundou num caos que ameaça deixar toda a região de Lisboa e Vale do Tejo sem resposta para as necessidades".

Como exemplo do que nomeiam de "absurdo", a federação realça a "insensatez de duplicar a capacidade de partos do Hospital São Francisco Xavier (HSFX), onde as unidades individuais de partos passaram de 6 para 12 e onde até já se fazem dois partos por box com as utentes separadas apenas por uma cortina".

Nesse local, a FNAM alega que se mantém "inalterada a capacidade de internamento, sem capacidade de oferecer o número de internamentos proporcional ao aumento dos partos".

Com o Hospital Beatriz Ângelo (HBA) encerrado entre quinta e domingo, e o Hospital Garcia da Orta (HGO) entre sexta e domingo, "o resultado foi que rapidamente o HSFX e o Hospital de Cascais (HC) esgotaram a sua capacidade, tendo ficado sem vagas de internamento, o que obrigou à suspensão da realização de partos, uma vez que não havia capacidade instalada para poder internar as grávidas e os bebés".

A agravar este cenário, a FNAM recorda o encerramento até ao final de outubro da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Caldas da Rainha (HCR). "As grávidas são encaminhadas para o Hospital de Leiria (HL). Contudo, também este apresentou dificuldade em assegurar capacidade de resposta às grávidas da região", acrescenta.

"Ao todo, entre o HSM, o HBA, o HGO, o HSFX, o HC, HCR e o HL, contamos sete unidades centrais de Ginecologia-Obstetrícia vítimas diretas da incompetência, má gestão e de organização do Ministério da Saúde (MS), com o fecho sistemático de serviços, a destruição do serviço de Obstetrícia do HSM, e sobretudo sem capacidade para responder à gritante falta de mais maternidades abertas na zona de Lisboa e Vale do Tejo", afirma.

A federação explica que "se nada for feito, o Ministério da Saúde e o Governo devem saber que estão a colocar em risco as grávidas, que, na grande Lisboa, podem passar a ter que fazer mais de 75km para poder realizar os seus partos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com todas as consequências que advêm do risco associado a essa deslocação".

"O mesmo governo que escolheu encaminhar as grávidas de baixo risco do SNS para o sector privado, pagando aos grandes grupos económicos 3000€ por cada parto vaginal, decidiu legislar unilateralmente um novo regime de trabalho para os médicos", afirma, acrescentando que "o regime de dedicação plena proposto não tem o, acordo dos médicos, prejudica médicos e o SNS".

A FNAM termina a alertar para a urgência da "criação de condições para que os médicos fiquem no SNS", acusando o Governo de ter escolhido "manter as más condições de trabalho e baixos salários, empurrando-os para o setor privado e para o estrangeiro".

Recorde-se que as greves da federação dos médicos que têm vindo a decorrer inserem-se num conjunto de greves que o SIM anunciou recentemente para protestar contra a ausência de propostas concretas do Governo nas negociações sobre as grelhas salariais e a valorização da carreira que decorrem desde 2022 sem acordo.

Leia Também: Federação diz que cada vez mais médicos recusam fazer mais horas extra

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